Romance bobo e levinho que vai tornar seu dia mais doce, na Netflix Divulgação / Netflix

Romance bobo e levinho que vai tornar seu dia mais doce, na Netflix

O romance cinematográfico, por mais que se reinvente, frequentemente recorre a estruturas já testadas para garantir apelo emocional ao público. “Dançando para o Amor” é um exemplo desse fenômeno ao combinar elementos previsíveis com uma tentativa de criar um ambiente inspirador. No entanto, essa combinação não consegue ocultar as limitações evidentes da produção, que se perde em uma estética excessivamente idealizada, um roteiro sem surpresas e uma química entre os protagonistas que nunca atinge um nível genuíno de envolvimento. A promessa de um filme encantador esbarra em escolhas que sacrificam autenticidade em prol de uma aparência artificialmente polida.

A trama acompanha uma ex-dançarina profissional que, ao trocar sua paixão pela dança por uma carreira no setor financeiro, é forçada a retornar às raízes para ajudar a família a salvar o negócio local. Ao seu lado, surge um contador desajeitado, alguém que não dança há décadas, mas que se vê arrastado para um torneio de swing dance. A premissa, embora carregue potencial dramático e cômico, falha na execução. O descompasso entre a habilidade dos protagonistas torna pouco crível a possibilidade de que possam competir seriamente, e a relação entre eles carece de um desenvolvimento orgânico que sustente a evolução romântica de maneira convincente.

O problema se agrava na ambientação, que aposta em uma estética exaustivamente carregada. As folhas de bordo em tons vibrantes, distribuídas em quase todas as cenas, evidenciam uma preocupação excessiva com a composição visual em detrimento da naturalidade do cenário. Em vez de criar um espaço que complemente e fortaleça a narrativa, o design de produção resvala na superficialidade, tornando-se mais um elemento de distração do que um reforço à atmosfera desejada. O excesso de artificialidade não se limita ao visual: a direção parece mais preocupada em manter um tom genérico e agradável do que em explorar nuances emocionais que dariam substância ao filme.

Apesar das deficiências evidentes, “Dançando para o Amor” encontra alguns momentos de sensibilidade. O filme toca em temas universais, como a luta para resgatar paixões esquecidas e os conflitos entre aspirações pessoais e responsabilidades familiares. Há um esforço genuíno por parte do elenco em dar autenticidade a determinadas cenas, e a presença de uma personagem infantil adiciona um toque de ternura que ameniza as falhas narrativas. No entanto, essas qualidades pontuais não são suficientes para sustentar um enredo que carece de frescor e inovação.

Para aqueles que buscam uma experiência despretensiosa e previsível, o filme pode cumprir seu papel como entretenimento leve. No entanto, para quem espera uma obra que realmente capture a energia e a emoção da dança e do romance, clássicos como “Dirty Dancing” ou “Ela Dança, Eu Danço” continuam a ser referências insuperáveis. A produção tenta equilibrar emoção e ritmo, mas termina entregando uma experiência inconsistente, que pouco acrescenta ao gênero.

Filme: Dançando para Amar
Diretor: Bradley Washington
Ano: 2023
Gênero: Romance
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★