Existem filmes pra relaxar, rir, chorar… e existem os outros. Aqueles que parecem feitos sob encomenda pra testar sua sanidade, sua paciência e o tempo livre que você jura que tem. São longos, silenciosos, herméticos, experimentais — verdadeiras maratonas emocionais com potencial de provocar crises existenciais e cochilos incontroláveis. Não têm trilha marcante, não têm final feliz, muitas vezes nem têm enredo. São o oposto do streaming fácil: exigem entrega total e recompensam com… dúvidas, incômodo e, às vezes, uma epifania que só chega horas depois. Chamá-los de difíceis é elogio; muita gente prefere escalar o Everest sem oxigênio do que encarar esses títulos até o fim. É arte? É tortura? É genialidade ou só um grande delírio? Você decide — se conseguir chegar aos créditos finais, claro. Porque, sinceramente, quase ninguém consegue. Só 1% das pessoas conseguiram terminar pelo menos 5 desses 25 filmes. E a pergunta agora é simples (e dolorosa): você é desses 1%… ou vai dormir no meio do caminho?
Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles (1975) — Chantal Akerman
Três horas vendo uma dona de casa cozinhar, limpar e se esvaziar. Tédio como arte radical.
O Espelho (1975) — Andrei Tarkovsky
Memória, infância, sonho e poesia. Um filme que abandona a narrativa como você abandona a sessão.
Satantango (1994) — Béla Tarr
Sete horas e meia de lama, chuva e miséria. Um filme que testa até o tempo.
A Árvore da Vida (2011) — Terrence Malick
Do Big Bang ao drama familiar, passando por dinossauros. Poético, mas insuportável pra muita gente.
Nostalgia (1983) — Andrei Tarkovsky
Um filme sobre vazio, memória e perda. E que parece durar uma semana inteira.
O Cavalo de Turim (2011) — Béla Tarr
Rotina extrema e sem saída. Um homem, uma filha e uma batata em loop existencial.
7. Clímax (2018) — Gaspar Noé
Você acha que está dançando, até que percebe que está em um pesadelo sem pausa.
El Topo (1970) — Alejandro Jodorowsky
Faroeste psicodélico, repleto de simbolismo. Para quem aceita não entender nada.
Império dos Sonhos (2006) — David Lynch
Três horas de sonho ruim. Você começa lúcido e termina no chão do inconsciente.
Holy Motors (2012) — Leos Carax
Um ator vive várias vidas num dia só. Uma fábula sem mapa ou legenda.
Enter the Void (2009) — Gaspar Noé
Viagem lisérgica do pós-vida em primeira pessoa. Câmera flutuante, duração torturante.
A Montanha Sagrada (1973) — Alejandro Jodorowsky
Crítica, misticismo e imagens inesquecíveis. Incomoda, fascina e esgota.
Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010) — Apichatpong Weerasethakul
Silêncio e espiritualidade tailandesa em estado bruto. Ritmo quase imóvel.
The Act of Killing (2012) — Joshua Oppenheimer
Assassinos encenam seus próprios crimes como filmes. Uma experiência que dá enjoo.
O Som ao Redor (2012) — Kleber Mendonça Filho
O cotidiano de um bairro e suas tensões invisíveis. Um filme onde o clima é tudo.
Solaris (1972) — Andrei Tarkovsky
Ficção científica contemplativa sobre dor e saudade. Uma odisseia emocional sem pressa.
O Sacrifício (1986) — Andrei Tarkovsky
O mundo está acabando, e tudo acontece em câmera lenta. Melancolia extrema em imagens sublimes.
Vozes de Chernobyl (2016) — Pol Cruchten
Testemunhos reais filmados com distância poética. Um soco frio que poucos aguentam.
Atlântida (2019) — Valentyn Vasyanovych
O pós-guerra ucraniano em planos parados e silêncio absoluto. Um filme sobre a ausência.
La Flor (2018) — Mariano Llinás
Catorze horas de cinema experimental argentino. Poucos começaram. Menos ainda terminaram.
Shoah (1985) — Claude Lanzmann
Documentário definitivo sobre o Holocausto. Nove horas sem imagens de arquivo — só dor crua.
Sátántangó (1994) — Béla Tarr
Sim, de novo. Porque muita gente tenta assistir uma segunda vez… e desiste de novo.
O Vale do Amor (2015) — Guillaume Nicloux
Dois atores em um deserto, num filme sem ação, sem clímax, só vazio entre eles.
O Lamento (2016) — Na Hong-jin
Terror lento, ritualístico e desconcertante. Muitos pararam na metade, sem saber se era suspense ou delírio.
Post Tenebras Lux (2012) — Carlos Reygadas
Imagens belas e perturbadoras, sem explicação ou lógica. Um quebra-cabeça feito pra ser incompleto.
Resultado do desafio:
0–2: Tá tudo bem, Marvel também é cinema.
3–4: Cinéfilo em formação. Aguenta um Tarkovsky por ano.
5–7: Sofre por prazer. Procure ajuda.
8+: Parabéns. Você é insuportável.