Mistério baseado em livro com 10 milhões de exemplares vendidos no mundo, com Tom Hanks, na Netflix Divulgação / Sony Pictures

Mistério baseado em livro com 10 milhões de exemplares vendidos no mundo, com Tom Hanks, na Netflix

Ron Howard revisita o universo de Robert Langdon em “Inferno”, adicionando uma nova camada de tensão e complexidade à saga do simbologista concebido por Dan Brown. Desta vez, Tom Hanks retorna ao papel do professor, mas sob circunstâncias mais desconcertantes do que nunca: ao despertar em um hospital italiano, ele não tem qualquer lembrança recente e mal compreende sua situação. Ao seu lado, a doutora Sienna Brooks, interpretada por Felicity Jones, tenta ajudá-lo a recuperar-se, mas a calmaria dura pouco. O que se segue é uma corrida frenética contra o tempo, envolvendo uma perseguição global e uma conspiração sombria que coloca em risco o futuro da humanidade.

O que diferencia “Inferno” dos filmes anteriores, “O Código Da Vinci” e “Anjos e Demônios”, é a mudança de foco narrativo. Enquanto as produções anteriores se concentravam no embate entre fé e racionalidade, este capítulo desloca a discussão para um dilema de ordem existencial: o colapso populacional iminente e as soluções extremas que poderiam ser propostas para contorná-lo. No centro dessa trama angustiante está Bertrand Zobrist, um milionário visionário e adepto fervoroso das ideias de Dante Alighieri, que acredita ter encontrado a única resposta viável para impedir uma catástrofe global: um vírus mortal projetado para reduzir drasticamente a população do planeta.

Davi Koepp assina o roteiro, trazendo um ritmo que não concede respiro ao espectador. A progressão da narrativa é guiada por uma sucessão de enigmas codificados na arte e literatura renascentistas, garantindo que a jornada de Langdon se desdobre em um tabuleiro onde cada pista descoberta altera dramaticamente o curso da história. O senso de urgência é amplificado pela direção de fotografia de Salvatore Totino, que transforma locações icônicas como Florença, Veneza e Istambul em labirintos visuais que refletem o estado mental do protagonista. A trilha sonora de Hans Zimmer, em consonância com a abordagem vertiginosa do filme, reforça a atmosfera claustrofóbica e a tensão crescente.

Tom Hanks sustenta o filme com a segurança habitual, trazendo ao personagem uma vulnerabilidade inexplorada nos títulos anteriores. Felicity Jones acrescenta camadas à sua Sienna Brooks, cujo papel se revela mais intrigante conforme a história avança. Ben Foster, na pele de Zobrist, equilibra carisma e fanatismo, conferindo um peso real às motivações do antagonista. O elenco de apoio, composto por nomes como Omar Sy e Sidse Babett Knudsen, adiciona credibilidade ao emaranhado de intrigas e lealdades incertas que permeiam a trama.

“Inferno” é um thriller de urgência palpável, que substitui a busca por segredos religiosos por uma inquietante reflexão sobre os limites da ética e da ciência. O filme preserva a essência de um quebra-cabeça intelectual, mas o recalibra para uma discussão contemporânea sobre o destino da humanidade em um mundo à beira do colapso. Se sua conclusão é reconfortante ou perturbadora, dependerá exclusivamente da perspectiva do espectador.

Filme: Inferno
Diretor: Ron Howard
Ano: 2016
Gênero: Ação/Aventura/Crime/Drama/Mistério/Thriller
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★