A obra-prima vencedora de 4 Oscars, com atuação inesquecível de Russel Crowe, que você vê gratuitamente no Mercado Play Divulgação / Universal Pictures

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Ron Howard sempre demonstrou uma habilidade singular para conduzir narrativas emocionantes sem resvalar no sentimentalismo barato, e “Uma Mente Brilhante” concretiza essa maestria. O filme não apenas transporta o espectador para a complexa trajetória do matemático John Nash, mas o faz com um rigor narrativo que transforma sua luta contra a esquizofrenia em um drama psicológico imersivo. Longe de cair em clichês ou reducionismos, a direção de Howard equilibra o brilhantismo intelectual do protagonista com a fragilidade de sua psique, criando uma experiência cinematográfica que transcende a mera biografia.

Russell Crowe entrega uma atuação impressionante ao incorporar Nash, transpondo para a tela cada nuance de um gênio atormentado. Diferente da imponência física que marcou sua performance em “Gladiador”, aqui ele se desconstrói por completo: a postura retraída, os gestos contidos e o olhar inquieto traduzem uma mente constantemente em conflito. Sua evolução ao longo do filme é sutil, sem recorrer a transformações artificiais, permitindo que o público testemunhe a complexidade de sua jornada de forma autêntica. Jennifer Connelly, por sua vez, evita os estereótipos comumente atribuídos às esposas de grandes figuras históricas. Sua Alicia Nash não é apenas um suporte emocional, mas uma mulher de fibra, cuja força se manifesta nos momentos de maior adversidade.

O roteiro adota uma abordagem engenhosa para retratar a esquizofrenia, levando o espectador a vivenciar as alucinações de Nash sem, a princípio, discerni-las da realidade. Essa construção gradual da perspectiva do protagonista gera um impacto profundo quando a verdade vem à tona, reforçando a imersão na sua mente fragmentada. A direção de Howard explora essa confusão com maestria, transformando a percepção da realidade em um elemento narrativo poderoso, sem recorrer a didatismos ou exageros estilísticos.

A fotografia de Roger Deakins potencializa esse mergulho na psique do protagonista. A manipulação de luz e sombra reflete os altos e baixos de Nash, enquanto a câmera frequentemente se aproxima do personagem para capturar sua solidão e vulnerabilidade. A edição reforça essa sensação ao transitar entre momentos de euforia e desespero sem soluções fáceis. Tudo é construído com uma fluidez impressionante, tornando a experiência emocionalmente impactante e intelectualmente instigante.

Ainda que baseado na biografia escrita por Sylvia Nasar, o filme toma algumas liberdades narrativas, especialmente na representação do relacionamento entre John e Alicia Nash. No entanto, essas adaptações servem a um propósito maior: transmitir a essência da luta de Nash contra sua própria mente e destacar sua resiliência. Em vez de um relato puramente factual, “Uma Mente Brilhante” se preocupa em criar um retrato humano profundo, que ressoa com o público de maneira universal.

O elenco de apoio, composto por nomes como Ed Harris, Paul Bettany e Judd Hirsch, complementa a narrativa com performances que adicionam camadas à trama. Cada revisão do filme revela novos detalhes, consolidando-o como uma experiência cinematográfica que vai além da superfície da história. “Uma Mente Brilhante” é um olhar sobre a relação entre realidade e percepção, e sobre o poder da mente humana para resistir, mesmo quando confrontada com seus maiores desafios.

Filme: Uma Mente Brilhante
Diretor: Ron Howard
Ano: 2001
Gênero: Biografia/Drama/Mistério
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★