Se você ama os romances de Nicholas Sparks, precisa assistir essa história de amor irresistível e arrebatadora na Netflix Divulgação / Netflix

Se você ama os romances de Nicholas Sparks, precisa assistir essa história de amor irresistível e arrebatadora na Netflix

O romance no cinema passou por diversas transformações, desde os dramas intensos do passado até o domínio das comédias românticas nos anos 1990 e 2000. Nos últimos tempos, contudo, o gênero parece ter encontrado um novo lar no streaming, enquanto seu espaço nas telonas se reduz. Ainda assim, algumas produções continuam a apostar em sua essência tradicional, confiando no apelo nostálgico e no conforto que histórias previsíveis, mas envolventes, podem proporcionar ao público. É o caso de “Continência ao Amor”.

Há um mérito em assumir sem reservas a proposta de uma comédia romântica despretensiosa, sem a necessidade de reinventar suas convenções. “Continência ao Amor” não busca renovar o gênero nem oferecer reviravoltas inesperadas, mas explorar os elementos que historicamente cativam o espectador. A fotografia, marcada por um brilho quente e ensolarado, reforça essa atmosfera acolhedora, enquanto a narrativa se desenrola dentro dos moldes já conhecidos, mas ainda eficazes, que remetem à era áurea das histórias de amor leves e acessíveis.

O coração da trama reside na dinâmica entre os protagonistas, Cassie (Sofia Carson) e Luke (Nicholas Galitzine), cuja química se revela fundamental para sustentar o interesse do público. Embora suas diferenças sejam evidentes, o roteiro evita transformá-las em conflitos artificiais ou em barreiras intransponíveis. Em um momento em que o mundo parece cada vez mais polarizado, há algo quase revigorante em um enredo que defende o respeito e a empatia como base para qualquer relacionamento. Em vez de impor mudanças forçadas nos personagens, a história sugere que compreender o outro pode ser mais valioso do que simplesmente convencer ou ser convencido. No entanto, a obra hesita em aprofundar essa premissa, limitando-se a explorar a relação de forma superficial, sem construir conexões mais substanciais ao longo do enredo.

Por outro lado, a previsibilidade inerente aos romances, embora não comprometa a experiência, revela algumas fragilidades estruturais. A trajetória do casal protagonista se desenrola dentro de uma lógica confortável, mas em certos momentos carece de diálogos mais marcantes e interações mais naturais, o que enfraquece o impacto emocional da conclusão. O desfecho, embora coerente, não atinge todo o potencial que poderia alcançar caso houvesse um investimento maior na evolução da relação ao longo da narrativa.

No aspecto técnico, a trilha sonora, frequentemente um elemento essencial para elevar comédias românticas, se mostra funcional, mas sem brilho. As escolhas musicais não comprometem a experiência, mas tampouco a enriquecem significativamente. O maior ponto de frustração, no entanto, está na performance musical de Sofia Carson, cuja capacidade vocal já foi demonstrada em outros projetos, mas que aqui parece contida e sem o impacto esperado. A interpretação soa forçada, distante da expressividade necessária para tornar o momento memorável.

Apesar dessas limitações, o filme entrega exatamente o que se propõe: um entretenimento leve e descomplicado. Não há pretensão marcar época, mas sim de oferecer algumas horas de escapismo agradável. Embora não figure entre as grandes referências das comédias românticas, cumpre sua função dentro de um nicho que, longe de desaparecer, apenas se deslocou para um espaço onde a simplicidade e o conforto emocional continuam sendo seus maiores trunfos.

Filme: Continência ao Amor
Diretor: Elizabeth Allen Rosenbaum
Ano: 2022
Gênero: Drama/Musical/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★