Comédia com Amanda Seyfried e Mark Wahlberg que arrecadou 1 bilhão nas bilheterias e levou 60 milhões aos cinemas está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Comédia com Amanda Seyfried e Mark Wahlberg que arrecadou 1 bilhão nas bilheterias e levou 60 milhões aos cinemas está na Netflix

“Ted 2” pode ser descrito como um filme que se encontra em uma encruzilhada criativa, tentando equilibrar sua essência irreverente com uma tentativa de abordar temas sérios, como a luta pelos direitos civis de um ursinho de pelúcia. Essa premissa, sem dúvida, oferece um terreno fértil para explorar questões existenciais e legais. No entanto, o longa não consegue se desvincular do tom irreverente que consagrou seu antecessor, criando uma sensação de incoerência ao longo da narrativa. Ao misturar comédia vulgar com questões de identidade e direitos, a produção oscila entre um humor que, em muitos momentos, parece desprovido de profundidade e uma tentativa forçada de conferir peso filosófico à história. A dificuldade de encontrar uma harmonia entre esses dois universos resulta em uma comédia que, embora divertida, não atinge o impacto que poderia.

O principal desafio de “Ted 2” é a transição entre momentos de humor escrachado e os momentos que buscam um tom mais sério. A primeira metade do filme é a mais bem-sucedida nesse sentido, com piadas eficazes e situações cativantes, que ainda conservam a espontaneidade e irreverência do primeiro filme. No entanto, conforme a trama avança, o tom se fragmenta e a tentativa de criar um clímax dramático se perde, tornando-se uma série de tentativas desconexas de gerar um impacto emocional. A inserção de números musicais e a inclusão de uma cena que remete a uma coreografia de estilo Broadway, elementos típicos do repertório de Seth MacFarlane, só reforçam a impressão de que o filme não consegue decidir se quer ser uma comédia leve ou algo mais substancial. 

A substituição de Mila Kunis por Amanda Seyfried no papel de parceira de Mark Wahlberg, embora eficaz, não consegue criar a mesma dinâmica entre os personagens, mas ainda assim, a presença de Seyfried traz frescor ao enredo. No entanto, é a falta de Mila Kunis que, embora não prejudique de forma significativa o fluxo do filme, faz falta em um nível emocional e de conexão entre os personagens.

Enquanto “Ted 2” se apega ao que fez o primeiro filme um sucesso — referências à cultura pop, humor ácido e absurdos inusitados —, a história em si carece de inovação. A reintrodução do vilão do primeiro filme e a volta de personagens que não adicionam substancialmente à trama criam uma sensação de déjà vu, prejudicando a promessa de uma sequência mais ousada e criativa. Mesmo quando o filme tenta, de forma audaciosa, tocar em temas profundos como a definição de identidade e a luta pelos direitos de um ser considerado “não humano”, essas tentativas acabam sendo tratadas de maneira superficial e sem um real desenvolvimento.

“Ted 2” acaba sendo uma sequência previsível que não ousa ou se reinventa de maneira significativa. Embora ainda entregue algumas boas risadas e apresente momentos divertidos, o filme não consegue replicar o frescor ou a inovação do original. O estilo irreverente de MacFarlane permanece intacto, mas a repetição de piadas e a falta de uma resolução satisfatória para os conflitos levantados minam a potência emocional do filme. “Ted 2” funciona como uma extensão do primeiro filme para os fãs da franquia, oferecendo exatamente o que se espera: um humor exagerado e personagens carismáticos, sem uma profundidade maior. Para aqueles que apreciam a fórmula, o filme cumpre sua missão de entreter, mas sem provocar o mesmo impacto cultural que o seu predecessor.

Filme: Ted 2
Diretor: Seth MacFarlane
Ano: 2015
Gênero: Comédia/Fantasia
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★