Baseado em filosofia de Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, ficção científica e mistério com Colin Farrell e Lily-Rose Depp está na Max Divulgação / AGC Studios

Baseado em filosofia de Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, ficção científica e mistério com Colin Farrell e Lily-Rose Depp está na Max

A ficção científica frequentemente opera como um espelho dos dilemas humanos, e “Voyagers” está nesse contexto ao investigar os limites da moralidade quando submetida a condições extremas. A narrativa acompanha um grupo de jovens enviados em uma jornada interplanetária, concebidos e educados em um ambiente isolado para garantir a continuidade da espécie. No entanto, sem referências culturais ou sociais estabelecidas, esses indivíduos se tornam altamente suscetíveis à manipulação e à degradação da ordem coletiva.

O colapso da missão se inicia com a descoberta de que uma substância administrada em sua dieta reprimia emoções e impulsos. Ao abandoná-la, os tripulantes experimentam pela primeira vez a intensidade dos sentimentos humanos, desencadeando uma espiral de desejo, medo e violência. Essa construção narrativa evoca clássicos como “O Senhor das Moscas”, ao expor como a ausência de normas sociais pode precipitar um retorno à barbárie. Dentro da nave, um líder desponta explorando os instintos mais primitivos de seus pares, instaurando um regime de opressão e brutalidade. O filme propõe uma reflexão inquietante sobre a fragilidade dos códigos morais quando retirados de seu contexto histórico e institucional.

A morte de Richard (Colin Farrell), o único adulto da missão, atua como um ponto de ruptura definitivo. Com sua ausência, extingue-se qualquer vestígio de racionalidade e autoridade estruturada, abrindo espaço para a anarquia e o descontrole. O filme dialoga com experimentos psicológicos, como o de Stanford em 1971, onde voluntários, inseridos em um ambiente sem regras preestabelecidas, rapidamente adotaram posturas abusivas e totalitárias. Essa referência acadêmica reforça a premissa central da história: a civilização é uma construção frágil, constantemente ameaçada pela inclinação humana ao caos quando desprovida de um arcabouço normativo.

Esteticamente, “Voyagers” reforça sua atmosfera opressiva através de uma cinematografia claustrofóbica e uma trilha sonora que acentua a iminência do desastre. Embora a trama possa ser considerada previsível em alguns momentos, seu valor está na discussão que suscita sobre o equilíbrio entre liberdade e controle.

Neil Burger, diretor de “O Ilusionista” e “Divergente”, conduz a narrativa com eficiência, ainda que sem a complexidade psicológica de seus projetos anteriores. “Voyagers” não é uma peça revolucionária do gênero, mas sua abordagem instigante sobre a dinâmica do poder e da moralidade em cenários extremos o torna uma reflexão relevante sobre a própria natureza da humanidade. Caso a missão tivesse sido bem-sucedida, seus descendentes poderiam enfrentar um retrocesso civilizacional, replicando padrões opressivos e suprimindo os valores que levaram séculos para serem conquistados.

A jornada desses jovens não é apenas sobre a sobrevivência no espaço, mas sobre a batalha constante para preservar a essência do que significa ser humano.A ficção científica frequentemente opera como um espelho dos dilemas humanos, e “Voyagers” está nesse contexto ao investigar os limites da moralidade quando submetida a condições extremas. A narrativa acompanha um grupo de jovens enviados em uma jornada interplanetária, concebidos e educados em um ambiente isolado para garantir a continuidade da espécie. No entanto, sem referências culturais ou sociais estabelecidas, esses indivíduos se tornam altamente suscetíveis à manipulação e à degradação da ordem coletiva.

O colapso da missão se inicia com a descoberta de que uma substância administrada em sua dieta reprimia emoções e impulsos. Ao abandoná-la, os tripulantes experimentam pela primeira vez a intensidade dos sentimentos humanos, desencadeando uma espiral de desejo, medo e violência. Essa construção narrativa evoca clássicos como “O Senhor das Moscas”, ao expor como a ausência de normas sociais pode precipitar um retorno à barbárie. Dentro da nave, um líder desponta explorando os instintos mais primitivos de seus pares, instaurando um regime de opressão e brutalidade. O filme propõe uma reflexão inquietante sobre a fragilidade dos códigos morais quando retirados de seu contexto histórico e institucional.

A morte de Richard (Colin Farrell), o único adulto da missão, atua como um ponto de ruptura definitivo. Com sua ausência, extingue-se qualquer vestígio de racionalidade e autoridade estruturada, abrindo espaço para a anarquia e o descontrole. O filme dialoga com experimentos psicológicos, como o de Stanford em 1971, onde voluntários, inseridos em um ambiente sem regras preestabelecidas, rapidamente adotaram posturas abusivas e totalitárias. Essa referência acadêmica reforça a premissa central da história: a civilização é uma construção frágil, constantemente ameaçada pela inclinação humana ao caos quando desprovida de um arcabouço normativo.

Esteticamente, “Voyagers” reforça sua atmosfera opressiva através de uma cinematografia claustrofóbica e uma trilha sonora que acentua a iminência do desastre. Embora a trama possa ser considerada previsível em alguns momentos, seu valor está na discussão que suscita sobre o equilíbrio entre liberdade e controle.

Neil Burger, diretor de “O Ilusionista” e “Divergente”, conduz a narrativa com eficiência, ainda que sem a complexidade psicológica de seus projetos anteriores. “Voyagers” não é uma peça revolucionária do gênero, mas sua abordagem instigante sobre a dinâmica do poder e da moralidade em cenários extremos o torna uma reflexão relevante sobre a própria natureza da humanidade. Caso a missão tivesse sido bem-sucedida, seus descendentes poderiam enfrentar um retrocesso civilizacional, replicando padrões opressivos e suprimindo os valores que levaram séculos para serem conquistados. A jornada desses jovens não é apenas sobre a sobrevivência no espaço, mas sobre a batalha constante para preservar a essência do que significa ser humano.

Filme: Voyagers
Diretor: Neil Burger
Ano: 2021
Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica/Mistério/Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★