De best seller a TOP 1 mundial do Prime Video: Tom Cruise em alta voltagem na sua televisão Divulgação / Paramount

De best seller a TOP 1 mundial do Prime Video: Tom Cruise em alta voltagem na sua televisão

Desde sua chegada às telas, “Jack Reacher”” despertou curiosidade ao transportar para o cinema um protagonista emblemático da literatura policial. A continuação, “Jack Reacher: Sem Retorno”, contudo, acaba sendo um exercício pouco inspirado, incapaz de manter o equilíbrio entre ação e narrativa que garantiu ao primeiro filme certa relevância dentro do gênero. O longa se apoia em uma fórmula previsível, deixando para trás a identidade construída anteriormente e resultando em uma experiência morna, repleta de clichês e lacunas estruturais.

O primeiro obstáculo inegável é a desconexão entre a persona literária de Reacher e sua representação cinematográfica. Na obra original de Lee Child, o personagem é descrito como uma força da natureza, cuja imponência física já estabelece sua superioridade antes mesmo do primeiro confronto. No cinema, Tom Cruise tenta suprir essa disparidade com carisma e técnica, mas a diferença de estatura e presença torna-se um fator inescapável. Mesmo com um esforço visível da direção para criar cenas de ação estilizadas, a sensação de ameaça que Reacher deveria inspirar se dilui, comprometendo a credibilidade do personagem e do enredo.

Outro elemento que compromete a eficácia do filme é a abordagem narrativa. Sob a direção de Edward Zwick, que substitui Christopher McQuarrie, a sequência perde a solidez que o primeiro longa conseguiu construir. O roteiro hesita entre ser um thriller de ação dinâmico e inserir camadas dramáticas artificiais, resultando em um híbrido indeciso que nunca se estabelece plenamente. A progressão dos eventos carece de tensão genuína, e os diálogos, frequentemente expositivos, falham em conferir densidade aos personagens. O vilão, O Caçador, interpretado por Patrick Heusinger, um ex-militar com tendências psicóticas, reforça essa fragilidade, pois se limita a reproduzir estereótipos já desgastados, sem qualquer complexidade que justifique sua ameaça.

Além disso, a ausência de um elenco de apoio que traga peso à trama se faz sentir. No primeiro filme, figuras como Rosamund Pike e Robert Duvall adicionavam camadas ao universo de Reacher, contrastando sua frieza calculada com personalidades mais vibrantes. Em “Sem Retorno”, a dinâmica entre Cruise e Cobie Smulders tem momentos pontuais de eficácia, mas nunca alcança um nível de envolvimento que sustente a narrativa. Smulders, embora entregue uma personagem autônoma e determinada, acaba confinada a um papel que oscila entre coadjuvante de ação e interesse romântico forçado. O filme, por sua vez, não demonstra interesse real em desenvolver figuras secundárias memoráveis, prejudicando ainda mais o impacto dramático da história.

Mesmo a ação, que deveria ser o pilar central da produção, não escapa da falta de inventividade. As coreografias de luta seguem um padrão genérico, sem o impacto visceral que fez do primeiro filme um exercício eficiente no gênero. Os confrontos se tornam repetitivos, e a montagem das cenas não imprime a intensidade necessária para criar um senso de urgência. O clímax, ao invés de oferecer uma resolução marcante, se desenrola sem surpresas, encerrando o longa de maneira previsível e sem qualquer resquício de impacto duradouro.

O que fica, ao final, é a percepção de que “Jack Reacher: Sem Retorno” falha justamente naquilo que deveria ser seu diferencial: a construção de um protagonista meticuloso em um universo que justificasse sua presença. A produção parece guiada mais por uma lógica mercadológica do que por uma preocupação em aprofundar ou expandir a mitologia do personagem. 

Filme: Jack Reacher: Sem Retorno
Diretor: Edward Zwick
Ano: 2013
Gênero: Ação/Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★