TOP 1 mundial e recorde de orçamento da Netflix, filme custou 320 milhões de dólares e bateu “Alerta Vermelho” Paul Abell / Netflix

TOP 1 mundial e recorde de orçamento da Netflix, filme custou 320 milhões de dólares e bateu “Alerta Vermelho”

Com um orçamento robusto que ultrapassa os 300 milhões de dólares, um elenco estrelado e uma premissa instigante, “The Electric State” parecia destinado a figurar entre os grandes marcos da ficção científica moderna. No entanto, sua execução revela uma produção ambiciosa que oscila entre um espetáculo visual exuberante e uma narrativa que, embora intrigante, não alcança toda a densidade que poderia. O resultado é um filme que fascina em sua estética, mas tropeça ao tentar transformar seu universo promissor em uma experiência verdadeiramente memorável.

A introdução da obra estabelece um mundo de ficção científica retrô impregnado de mistério e fascínio. A coexistência entre humanos e robôs, a estética nostálgica e a atmosfera de decadência tecnológica formam um cenário que imediatamente captura a atenção. Porém, conforme a trama se desenrola, a construção desse universo começa a demonstrar inconsistências. O roteiro levanta questionamentos instigantes, mas hesita em aprofundá-los, optando por uma abordagem mais superficial que enfraquece o impacto das ideias inicialmente sugeridas. A ambiguidade do tom agrava essa questão: ora sugerindo reflexões maduras sobre perda e identidade, ora adotando um ritmo que flerta com uma ingenuidade juvenil, o filme se perde entre duas direções sem se comprometer totalmente com nenhuma delas.

O elenco, por sua vez, tem sua atuação limitada por um roteiro que não lhes oferece material suficiente para explorar camadas mais complexas de seus personagens. Millie Bobby Brown entrega um desempenho competente, mas sua personagem carece da profundidade emocional necessária para tornar sua jornada verdadeiramente envolvente. Chris Pratt, surpreendentemente, estabelece uma química interessante com a atriz, mas sua participação não ultrapassa o convencional. Curiosamente, os robôs acabam se destacando como as figuras mais cativantes da trama, proporcionando alguns dos momentos mais genuínos da experiência.

Se há um aspecto que funciona plenamente em “The Electric State”, é seu apelo visual. A direção de arte e os efeitos especiais atingem um nível técnico impecável, transportando o espectador para um universo rico em detalhes e marcado por uma atmosfera simultaneamente melancólica e fascinante. Cada enquadramento reforça a sensação de imersão nesse futuro distópico, e a fotografia potencializa a estética única da obra. No entanto, a grandiosidade visual, por si só, não basta para sustentar um filme. Quando a narrativa não acompanha a excelência da estética, o impacto emocional se dilui, e “The Electric State” acaba se tornando uma experiência visualmente marcante, mas narrativamente frustrante.

Isso não significa que o filme seja um fracasso completo. Dentro de suas próprias limitações, ele pode agradar aqueles que buscam um entretenimento escapista, pautado mais pelo espetáculo sensorial do que pela profundidade temática. Em uma época em que o cinema frequentemente se volta para produções densas e repletas de comentários sociais, há espaço para narrativas que ofereçam apenas uma imersão lúdica e despretensiosa. “The Electric State” não redefine a ficção científica, mas entrega um universo visualmente hipnótico que, para alguns espectadores, será suficiente para justificar a jornada.

No fim das contas, trata-se de uma obra que desperta reações polarizadas. Para alguns, uma promessa desperdiçada; para outros, uma experiência satisfatória dentro de sua proposta. A última linha proferida por Millie Bobby Brown no filme — “Vamos fazer certo desta vez” — ressoa ironicamente como um reflexo da própria produção: um conceito promissor que, em uma eventual continuação, talvez tenha a oportunidade de atingir toda a grandeza que vislumbrou, mas não concretizou.

Filme: The Electric State
Diretor: Anthony Russo e Joe Russo
Ano: 2025
Gênero: Ação/Aventura/Fantasia/Ficção Científica
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★