O romance juvenil no cinema transita entre a idealização de sentimentos e a tentativa de refletir a complexidade das relações contemporâneas. “Namorado Contratado” se inclina para o segundo caminho, buscando um retrato mais tangível das interações amorosas entre jovens de universos distintos. A narrativa se estrutura sobre momentos sutis e gestos cotidianos, evitando um melodrama exagerado. Contudo, essa abordagem cuidadosa não se traduz em ousadia criativa, resultando em um filme que se apoia mais na familiaridade do que na inovação.
A trama não se desvia das convenções do gênero, equilibrando dilemas juvenis com as dinâmicas interpessoais que envolvem amigos e família. No entanto, o roteiro tropeça na falta de densidade, limitando-se a situações previsíveis e a diálogos que pouco acrescentam à construção emocional dos personagens. A intenção de criar um romance contemporâneo autêntico é clara, mas a execução não atinge seu potencial devido a um desenvolvimento narrativo fragmentado e tecnicamente inconsistente.
A direção, ao tentar absorver uma estética hollywoodiana, compromete a identidade do filme, que por vezes assume um tom derivativo. A edição irregular dilui o impacto emocional de cenas-chave, enquanto a mixagem de som, especialmente a dublagem em hindi, distancia o público ao soar deslocada. Esses problemas técnicos contribuem para uma experiência que, embora bem-intencionada, não se solidifica como memorável.
O elenco encontra dificuldades para superar as limitações do material. Khushi Kapoor exibe presença mediana, mas consegue se destacar em momentos de maior intensidade dramática, sugerindo um potencial que ainda carece de refinamento. Ibrahim Ali Khan, em sua estreia, alterna entre expressividade exagerada e falta de vigor, comprometendo a naturalidade de suas cenas. Ainda assim, sua performance não prejudica completamente a obra, uma vez que a trama tampouco exige uma entrega emocional mais profunda. No fim, as atuações são funcionais, mas longe de serem memoráveis.
Narrativamente, “Namorado Contratado” se ancora na linguagem e dinâmica digital da Geração Z, apostando em interações rápidas e um romantismo sem excessos discursivos. Essa escolha facilita a conexão com o público-alvo, mas também restringe a complexidade do enredo, que se torna previsível e carente de momentos verdadeiramente marcantes. O filme não almeja reinventar o gênero, mas sim oferecer uma experiência leve e acessível, sem grandes riscos narrativos ou estéticos.
Essa simplicidade pode ser vista como um acerto para quem busca entretenimento descompromissado, mas também revela sua maior fraqueza: a falta de ambição tanto na execução técnica quanto na construção dramática. O filme transita sem soluções ousadas, permanecendo em uma zona segura que o impede de se destacar entre tantas produções similares.
Para um público em busca de uma distração momentânea, “Namorado Contratado” pode cumprir seu papel. No entanto, aqueles que esperam um romance juvenil com maior profundidade dificilmente encontrarão na história razões para considerá-la memorável.
★★★★★★★★★★