Nova série com Wagner Moura acaba de estrear na Apple TV+ e já é uma das 10 mais assistidas no mundo Divulgação / Apple TV+

Nova série com Wagner Moura acaba de estrear na Apple TV+ e já é uma das 10 mais assistidas no mundo

Nos primeiros episódios de “Ladrões de Drogas”, nova série da Apple TV+ com Wagner Moura, o enredo mergulha o espectador em uma torrente de ação ininterrupta, dominada por tiroteios incessantes e sequências frenéticas. O protagonista, Ray Driscoll (Brian Tyree Henry), é um delinquente de trajetória inicialmente superficial e que demonstra uma impressionante capacidade de adaptação ao caos, transitando com desenvoltura entre a violência e momentos pontuais de humor. No entanto, essa aceleração narrativa compromete a construção dos personagens, resultando em um desenvolvimento que privilegia a ação em detrimento da profundidade dramática. A identidade da série, nesse primeiro estágio, oscila entre um espetáculo de adrenalina e uma tentativa de inserir camadas mais complexas, sem ainda definir claramente sua proposta.

Esteticamente, a produção adota uma abordagem sombria e granulada, transmitindo uma atmosfera de decadência urbana que pode ser envolvente para quem aprecia esse tipo de ambientação. A iluminação e a paleta de cores reforçam a sensação de dureza e desolação, adicionando um caráter quase documental à brutalidade da narrativa. Entretanto, para aqueles que preferem uma fotografia mais equilibrada e um visual menos opressivo, a escolha estética pode parecer excessivamente carregada. A ambientação detalhada e imersiva, embora bem executada, acaba se tornando um reflexo da própria estrutura da série: um universo que prioriza impacto imediato, mas ainda carece de maior profundidade.

A sensação predominante é a de uma montagem cinematográfica fragmentada, onde cada episódio se desenrola como uma peça de ação isolada, sem tempo para conexões mais orgânicas entre os eventos. O roteiro parece estruturado como um mosaico de sequências eletrizantes, comprometendo a progressão narrativa ao adotar um ritmo que não permite ao espectador absorver as nuances dos personagens. O episódio-piloto demonstra claramente essa abordagem apressada, com diálogos que por vezes resvalam na artificialidade, enfraquecendo a imersão e tornando algumas interações previsíveis. Essa aceleração pode afastar quem busca um enredo mais elaborado, mas ao mesmo tempo sustenta a proposta de um espetáculo de ação ininterrupta.

Ainda assim, há méritos óbvios na execução. As cenas de ação são cuidadosamente coreografadas, com um senso de urgência que mantém a tensão elevada. O elenco, dentro das limitações impostas pelo roteiro, entrega performances competentes, sugerindo que há um potencial inexplorado na construção dos personagens. A grande questão é se a série será capaz de ajustar seu ritmo ao longo dos episódios seguintes, permitindo um aprofundamento maior nas relações e nos conflitos internos do protagonista. Se insistir no frenesi constante, corre o risco de se tornar uma experiência visualmente impressionante, mas emocionalmente esvaziada.

Para quem busca um entretenimento visceral e dinâmico, a série oferece uma experiência bastante envolvente, ainda que sem grandes pretensões dramáticas. O futuro da série dependerá de sua capacidade de equilibrar o espetáculo visual com uma trama que vá além da superfície e entregue algo memorável para o público.

Filme: Ladrões de Drogas
Diretor: Peter Craig
Ano: 2025
Gênero: Ação/Crime/Drama
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★