Chamado de Velozes e Furiosos da Segunda Guerra, o filme que virou febre no Prime Video Divulgação / Netflix

Chamado de Velozes e Furiosos da Segunda Guerra, o filme que virou febre no Prime Video

Declarar-se guerra contra quem quer que seja nunca é uma decisão fácil, mas é, muitas vezes, a única decisão a se tomar, a fim de se evitar a desonra, que, conforme ensina Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro do Reino Unido quando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), se encarniça de um povo que não encampa as causas pelas quais se deve combater. Temos que admitir: a guerra fascina, e esse é o problema. Em muitas ocasiões, foi por meio da guerra que a humanidade conheceu seus grandes heróis, homens e mulheres que se tornaram personalidades valorosas graças a uma atuação de coragem memorável ao longo de uma série de enfrentamentos entre exércitos.

A Segunda Guerra continua sendo o saco sem fundo da História, e o cinema, por óbvio, tira-lhe todo o proveito que pode, como em “T-34 — O Monstro de Metal”. O russo Aleksey Sidorov chega a uma história fantasiosa — que facilmente passa por desavergonhada propaganda em vários lances — durante a qual um batalhão soviético que combate na fronteira com a Ucrânia é surpreendido por um grupamento nazista e vai parar nos gélidos porões da Schutzstaffel, a tropa de choque de Hitler, onde é forçado a recuperar T-34s, os tanques com maior poder de fogo da época, uma joia de lata da engenharia militar stalinista. Mas nem tudo corre como os oficiais alemães esperavam.

Uma estarrecedora cena de confronto abre “T-34”. Ao cruzarem um território inimigo, dois soldados num jipe da finada União Soviética deparam-se com um blindado alemão, e o que se segue tira qualquer um do piloto automático. O roteiro de Sidorov mostra os dois homens fugindo de uma perseguição implacável, escapando de imensos torpedos graças à perícia de quem está ao volante. A computação gráfica registra o petardo rasgando um poste de madeira enquanto os dois combatentes desaparecem no horizonte, para logo após precisarem mais uma vez enfrentar a SS sem o mesmo êxito.

É 1941, e os civis só sabem da guerra o que a censura permite que saia nos cinejornais, mas o tenente Nikolaî Ivushkin e Kobzarenko, seu zero um, de fato são heróis — ainda que amarguem uma grande humilhação quando finalmente capturados. Alexander Petrov e Artur Sopelnik incorporam o espírito do verdadeiro patriota, embora, repita-se, o trabalho de recenda a uma desnecessária louvação chapa-branca, execrável em tempos de Putin, o czar absoluto deste século. Excetuando-se um certo ufanismo latente, “T-34 — O Monstro de Metal” é um espetáculo de movimento e vigor, uma espécie de “Agonia e Glória” (1980), de Samuel Fuller (1912-1997) pop.

Filme: T-34 — O Monstro de Metal
Diretor: Aleksey Sidorov
Ano: 2019
Gênero: Ação/Guerra
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.