Sue Buttons (Allison Janney) sempre foi uma presença apagada no próprio cotidiano. No dia do seu aniversário, essa invisibilidade se torna inescapável: ninguém ao seu redor parece se lembrar da data, e a indiferença alheia só reforça a sua irrelevância. Seu marido, Karl (Matthew Modine), um banqueiro envolvido em atividades ilícitas, não é exceção. Enquanto Sue anseia por reconhecimento, ele investe seu tempo e dinheiro em encontros furtivos com amantes. Mas o destino, irônico e impiedoso, lhe oferece uma oportunidade inesperada de protagonismo. Quando flagra Karl traindo, o choque é duplo: ele morre subitamente, e Sue, ao invés de entrar em pânico, enxerga no episódio uma chance única de transformar sua existência ignorada em um espetáculo midiático.
Com uma frieza que contradiz sua aparente inocência, ela decide ocultar o corpo e denunciar o desaparecimento do marido, arquitetando uma narrativa que a coloca no centro das atenções. O caso ganha notoriedade, e Sue saboreia, pela primeira vez, o poder de ser ouvida. No entanto, quanto mais tenta prolongar sua nova fama, mais seu enredo se torna insustentável. O que Sue não sabe é que Karl não era apenas um marido infiel, mas uma peça-chave em um esquema criminoso milionário. Seu envolvimento com Mina (Awkwafina) e seu implacável pai, operadores de um império ilícito, faz com que seu desaparecimento levante suspeitas — e quando milhões em dinheiro sujo também somem, a situação se agrava.
A escalada de caos se acelera quando Petey (Jimmi Simpson), irmão de Karl, acredita que Mina está por trás do sumiço e decide agir por conta própria, sem perceber que Rita (Wanda Sykes), sua chefe no submundo do crime, vê no desdobramento da situação uma oportunidade para avançar na hierarquia. Paralelamente, a detetive Cam Harris (Regina Hall) observa com ceticismo o súbito estrelato de Sue e percebe que sua narrativa não se sustenta. Cada inconsistência a aproxima da verdade, tornando inevitável o desmoronamento da farsa.
A proposta do filme dialoga com narrativas que exploram personagens ordinários lançados em situações extraordinárias, evocando ecos de “O Grande Lebowski”. No entanto, enquanto a obra dos irmãos Coen encontra força na sagacidade e na construção meticulosa de personagens, este filme, embora ambicioso, esbarra em limitações evidentes. O humor negro se apoia no absurdo das situações e na sucessão de desentendimentos entre os personagens, sem recorrer a exageros explícitos. Essa escolha confere um ritmo particular à comédia, mas a ausência de um fio condutor mais incisivo enfraquece o impacto final.
O maior problema está na condução narrativa. Se por um lado o filme constrói uma trama de múltiplas camadas e reviravoltas, por outro, se perde em suas próprias ambições. O desfecho, situado um ano após os eventos centrais, surge como uma epígrafe desnecessária, diluindo a força do clímax anterior. Além disso, certos personagens carecem de desenvolvimento convincente. Mina, por exemplo, é retratada como uma antagonista obsessiva por uma quantia insignificante diante da magnitude do esquema criminoso do qual faz parte. A atuação de Awkwafina, embora funcional, não confere a sua personagem o peso necessário para torná-la memorável dentro da trama.
Ainda assim, há méritos que não podem ser ignorados. O elenco carismático sustenta a dinâmica das cenas, e a estrutura fragmentada da narrativa proporciona momentos de entretenimento genuíno. A sátira à busca incessante por reconhecimento e à espetacularização da tragédia humana está presente, mas não atinge a acidez necessária para torná-la realmente impactante. A jornada de Sue reflete a própria trajetória do filme: uma tentativa de se destacar em meio a tantas outras histórias, sem jamais alcançar sua plena potência.
Sue Buttons (Allison Janney) sempre foi uma presença apagada no próprio cotidiano. No dia do seu aniversário, essa invisibilidade se torna inescapável: ninguém ao seu redor parece se lembrar da data, e a indiferença alheia só reforça a sua irrelevância. Seu marido, Karl (Matthew Modine), um banqueiro envolvido em atividades ilícitas, não é exceção. Enquanto Sue anseia por reconhecimento, ele investe seu tempo e dinheiro em encontros furtivos com amantes. Mas o destino, irônico e impiedoso, lhe oferece uma oportunidade inesperada de protagonismo. Quando flagra Karl traindo, o choque é duplo: ele morre subitamente, e Sue, ao invés de entrar em pânico, enxerga no episódio uma chance única de transformar sua existência ignorada em um espetáculo midiático.
Com uma frieza que contradiz sua aparente inocência, ela decide ocultar o corpo e denunciar o desaparecimento do marido, arquitetando uma narrativa que a coloca no centro das atenções. O caso ganha notoriedade, e Sue saboreia, pela primeira vez, o poder de ser ouvida. No entanto, quanto mais tenta prolongar sua nova fama, mais seu enredo se torna insustentável. O que Sue não sabe é que Karl não era apenas um marido infiel, mas uma peça-chave em um esquema criminoso milionário. Seu envolvimento com Mina (Awkwafina) e seu implacável pai, operadores de um império ilícito, faz com que seu desaparecimento levante suspeitas — e quando milhões em dinheiro sujo também somem, a situação se agrava.
A escalada de caos se acelera quando Petey (Jimmi Simpson), irmão de Karl, acredita que Mina está por trás do sumiço e decide agir por conta própria, sem perceber que Rita (Wanda Sykes), sua chefe no submundo do crime, vê no desdobramento da situação uma oportunidade para avançar na hierarquia. Paralelamente, a detetive Cam Harris (Regina Hall) observa com ceticismo o súbito estrelato de Sue e percebe que sua narrativa não se sustenta. Cada inconsistência a aproxima da verdade, tornando inevitável o desmoronamento da farsa.
A proposta do filme dialoga com narrativas que exploram personagens ordinários lançados em situações extraordinárias, evocando ecos de “O Grande Lebowski”. No entanto, enquanto a obra dos irmãos Coen encontra força na sagacidade e na construção meticulosa de personagens, este filme, embora ambicioso, esbarra em limitações evidentes. O humor negro se apoia no absurdo das situações e na sucessão de desentendimentos entre os personagens, sem recorrer a exageros explícitos. Essa escolha confere um ritmo particular à comédia, mas a ausência de um fio condutor mais incisivo enfraquece o impacto final.
O maior problema está na condução narrativa. Se por um lado o filme constrói uma trama de múltiplas camadas e reviravoltas, por outro, se perde em suas próprias ambições. O desfecho, situado um ano após os eventos centrais, surge como uma epígrafe desnecessária, diluindo a força do clímax anterior. Além disso, certos personagens carecem de desenvolvimento convincente. Mina, por exemplo, é retratada como uma antagonista obsessiva por uma quantia insignificante diante da magnitude do esquema criminoso do qual faz parte. A atuação de Awkwafina, embora funcional, não confere a sua personagem o peso necessário para torná-la memorável dentro da trama.
Ainda assim, há méritos que não podem ser ignorados. O elenco carismático sustenta a dinâmica das cenas, e a estrutura fragmentada da narrativa proporciona momentos de entretenimento genuíno. A sátira à busca incessante por reconhecimento e à espetacularização da tragédia humana está presente, mas não atinge a acidez necessária para torná-la realmente impactante. A jornada de Sue reflete a própria trajetória do filme: uma tentativa de se destacar em meio a tantas outras histórias, sem jamais alcançar sua plena potência.
★★★★★★★★★★