Em “Plano B”, Jennifer Lopez retorna ao universo das comédias românticas, um território familiar para ela, trazendo à tona uma história que, apesar de sua previsibilidade, seduz pela naturalidade e pela sinceridade emocional que transparecem ao longo de sua trama. O filme apresenta Zoe, uma mulher bem-sucedida que, após decidir se submeter à inseminação artificial, engravida de gêmeos, apenas para, em seguida, conhecer Stan, o homem que ela jamais imaginou que seria o par ideal. O enredo, que segue uma fórmula bastante convencional do gênero, se desenrola com as complicações e inseguranças típicas dos relacionamentos emergentes, enquanto Zoe e Stan buscam equilibrar suas vidas e sentimentos, culminando em uma narrativa repleta de obstáculos e, como esperado, um final feliz.
Embora o filme não introduza inovações marcantes no campo das comédias românticas, sua proposta atrai pela tentativa de imbuir a história com uma leve dose de humanidade. A ideia central de Zoe, uma mulher que, apesar de sua autonomia e sucesso, se vê emocionalmente vulnerável e desconfiada, oferece uma dimensão mais complexa à trama, que vai além do simples confronto de personagens opostos. É essa exploração da insegurança pessoal e da confiança que confere uma profundidade discreta ao filme, tornando-o um pouco mais do que a típica sequência de encontros e desencontros românticos.
O humor que permeia o filme é previsível, mas, ao mesmo tempo, encantador, com suas situações cômicas, especialmente aquelas que envolvem os desafios de um relacionamento inesperado e a gravidez mais ou menos planejada. Essas cenas, com sua leveza, capturam com precisão as reviravoltas e confusões típicas de um novo romance, proporcionando uma sensação de identificação para aqueles que já se viram em situações semelhantes. A narrativa se sustenta em sua simplicidade, sem grandes pretensões de se tornar algo mais profundo, mas cumprindo eficazmente seu papel de entretenimento descomplicado.
A química entre Jennifer Lopez e Alex O’Loughlin é um dos pontos altos do filme. Lopez, que poderia ter caído na armadilha de uma personagem excessivamente idealizada, transmite, na verdade, a vulnerabilidade de sua personagem com um toque de humanidade, equilibrando a figura da mulher forte com a necessidade de afeto e apoio. O’Loughlin, por sua vez, se destaca ao interpretar Stan, o homem que precisa aprender a lidar com a paternidade de maneira totalmente inesperada. Sua interpretação do homem inseguro, mas de coração aberto, complementa a de Lopez de forma eficaz, oferecendo um toque de suavidade e sinceridade que torna a relação entre os dois mais crível e cativante.
Embora o filme recorra a vários clichês, ele consegue prender por meio da atuação competente e pela forma como aborda a complexidade dos relacionamentos amorosos de maneira mais moderna, com uma visão que coloca as mulheres como protagonistas de suas próprias escolhas e histórias. As interações entre os personagens, especialmente as cenas envolvendo mães solteiras, adicionam uma camada de frescor à narrativa, oferecendo ao público mais do que apenas a típica história de amor. Essa abordagem contemporânea contribui para que o filme ressoe com uma audiência que busca uma reflexão mais realista sobre os desafios da vida e do amor.
“Plano B” cumpre o que promete com competência e sinceridade. Em sua simplicidade, ele oferece momentos de genuíno prazer e diversão, sem grandes ambições de se tornar um clássico. A leveza com que aborda temas como paternidade, relações familiares e o complicado caminho do amor na vida adulta torna a experiência cinematográfica agradável e descomplicada. “Plano B” é uma comédia romântica que, apesar de suas limitações, consegue oferecer uma perspectiva otimista sobre os altos e baixos da vida, deixando uma impressão positiva em quem busca um alívio emocional leve e reconfortante.
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