Comédia adorável do mesmo diretor de “Um Lugar Silencioso” vai melhorar instantaneamente seu humor, na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

Comédia adorável do mesmo diretor de “Um Lugar Silencioso” vai melhorar instantaneamente seu humor, na Netflix

Entre o desejo de emocionar e a ambição de criar um universo cativante, “Amigos Imaginários” se equilibra entre acertos e irregularidades. John Krasinski parte de uma premissa que evoca a magia dos amigos imaginários e sua conexão com a infância, mas encontra desafios na execução dessa ideia. O resultado é uma experiência que transita entre a sensibilidade e a indecisão tonal, sem consolidar plenamente sua identidade.

A narrativa acompanha Bea, vivida com delicadeza por Cailey Fleming, uma garota de 12 anos que tenta superar a perda da mãe. Sua jornada a leva a um mundo onde os amigos imaginários esquecidos por seus criadores aguardam um novo propósito. O conceito tem potencial emotivo e se aproxima de clássicos que exploram a interseção entre fantasia e crescimento emocional, como “Toy Story”. No entanto, a abordagem de Krasinski oscila entre a melancolia e o humor lúdico, resultando em uma narrativa que nem sempre encontra um tom coeso.

O elenco de vozes impressiona, trazendo nomes como Steve Carell e Brad Pitt para dar vida a essas criaturas imaginárias. No entanto, muitos desses personagens carecem de desenvolvimento, tornando-se meros elementos decorativos em vez de contribuírem significativamente para a trajetória emocional de Bea. Ryan Reynolds, por sua vez, incorpora um protagonista excêntrico com seu carisma habitual, mas suas inserções cômicas nem sempre se encaixam organicamente na história.

A maior questão que “Amigos Imaginários” enfrenta é sua indefinição de público. Se, por um lado, a história traz temas complexos como luto e memória, por outro, a execução frequentemente recorre a elementos infantis que podem alienar espectadores adultos. O primeiro ato, em particular, se revela disperso, sem estabelecer claramente se a intenção é dialogar com a nostalgia de uma audiência madura ou capturar a imaginação dos mais jovens. Essa ambiguidade enfraquece o impacto inicial do filme, mas à medida que a trama avança, a coesão melhora e os momentos de conexão emocional ganham mais força.

Quando se aproxima do desfecho, “Amigos Imaginários” finalmente revela seu verdadeiro potencial. Krasinski demonstra habilidade em construir momentos de reflexão e ternura, elevando a experiência a um patamar mais significativo. Se no início o filme luta para encontrar seu próprio ritmo, no terceiro ato ele se firma como uma história sobre a importância de manter vivo o vínculo com nossa imaginação e memórias afetivas.

Ainda que não alcance plenamente a grandiosidade a que promete, “Amigos Imaginários” oferece momentos de verdadeira emoção. Sua capacidade de ressoar com diferentes gerações dependerá da experiência individual de cada espectador, mas é inegável que a ideia central tem um apelo universal. É um filme que, mesmo com falhas, desperta uma reflexão sobre a infância, a perda e o poder da imaginação — e, por isso, pode encontrar um espaço especial na memória de quem se permitir embarcar nessa jornada.

Filme: Amigos Imaginários
Diretor: John Krasinski
Ano: 2024
Gênero: Aventura/Comédia/Drama/Fantasia
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★