Em um recanto distante do cosmos, um império se ergue sobre as ruínas de civilizações subjugadas pelo domínio da força. Dotados de uma máquina de guerra que supera qualquer exército convencional, os Necromongers avançam implacáveis rumo ao SubVerso, um território mítico onde enxergam seu destino inevitável. Liderados por seu enigmático e temido Senhor Supremo, única entidade a cruzar o limiar dessa dimensão e regressar alterada, entre a vida e algo inominável, eles reivindicam Helion, o fulcro de riqueza e poder do sistema homônimo.
O planeta, um reduto de fartura cercado por desolação e infernos abrasadores, torna-se o novo palco de sua ofensiva. Neste terceiro capítulo da saga de um homem cuja liberdade se esvai a cada nova batalha, “Riddick 3” preserva a verve frenética da narrativa iniciada treze anos antes. Sob a condução de David Twohy, Vin Diesel reassume o protagonismo em uma trama que se apoia na cumplicidade de seu público, sem, no entanto, introduzir qualquer reviravolta genuinamente surpreendente.
Após o embate solitário contra uma nave de guerra Necromonger, Riddick encontra-se exilado em Crematórios, um mundo abrasado onde a luz inclemente carboniza tudo a cada quinze minutos — um ambiente hostil, cuja lógica atmosférica permanece um mistério. Enquanto isso, o implacável Lorde Marshal, interpretado por Colm Feore, estende sua sombra sobre o conflito, enquanto Aereon, a mais experiente dos Elementais, mantém-se como um espectador do caos que se desenrola, sua presença reduzida a um artifício narrativo que sugere confiabilidade.
Este é um filme que prioriza a estética sobre a substância, em que a computação gráfica orquestra a experiência sensorial, traduzindo em imagens os sentimentos evocados pela jornada. O desconforto latente do protagonista manifesta-se na forma de combates secos e brutais, editados com a fragmentação característica das histórias em quadrinhos e remetendo à estilização visceral de “Matrix” (1999-2021), das irmãs Wachowski. Nada que rompa com as convenções do gênero, mas ainda assim funcional.
Agora, o foragido se vê caçado por mercenários que o querem vivo ou morto — seu cadáver, ironicamente, tem um valor superior. Jordi Mollà dá vida ao inescrupuloso Santana, cujo antagonismo resiste com vigor, mas Riddick, moldado pela adversidade, não se rende facilmente, mesmo quando seu cativeiro se transfigura em uma noite interminável e tempestuosa. A narrativa adota sem pudores um ethos que reverencia a brutalidade heroica, um tributo ao arquétipo do guerreiro solitário que se mantém firme, ainda que os elementos conspirem contra ele. “Riddick 3” não traz grandes inovações, mas sabe onde apostar suas fichas, entregando ao público exatamente o que se espera de uma história moldada para exaltar um herói esculpido na sobrevivência e no instinto.
★★★★★★★★★★