A proposta dessa comédia romântica britânica é promissora: um enredo baseado em um formato clássico, uma protagonista carismática e um tom leve que busca proporcionar uma experiência envolvente e revigorante. No entanto, o resultado final tropeça em um obstáculo determinante: a ausência de uma conexão convincente entre o casal principal, minando o impacto emocional da narrativa.
Simone Ashley é, definitivamente, um dos pontos altos da produção. Sua presença magnética e atuação segura conferem credibilidade à personagem Pia, uma protagonista que foge dos clichês femininos desgastados do gênero. No entanto, a dinâmica com seu par romântico, Charlie, carece da faísca essencial para sustentar a trama. A escolha do elenco nesse quesito se mostra questionável, pois o ator que interpreta Charlie não transmite a intensidade necessária para tornar a relação crível. Além disso, a edição reduz drasticamente os momentos compartilhados entre os dois, enfraquecendo ainda mais a ligação emocional entre os personagens.
Curiosamente, enquanto o romance central se revela insosso, as relações familiares e a amizade entre Pia e Jay oferecem momentos com potencial genuíno. O filme insinua a construção de uma amizade memorável, remetendo às dinâmicas icônicas de produções como “O Casamento do Meu Melhor Amigo”. Contudo, essa promessa nunca se concretiza plenamente. Ainda assim, algumas interações conseguem transmitir um calor humano autêntico, com sequências leves e personagens secundários que, em momentos pontuais, agregam charme e vivacidade à trama.
Não há como fugir de certos clichês em uma narrativa romântica, mas o problema não está na previsibilidade do roteiro. Filmes como “Cinco Encontros Cegos” já demonstraram que é possível executar uma história familiar de maneira eficaz e cativante. Aqui, porém, a execução deixa a desejar, com escolhas narrativas que parecem fragmentadas e pouco inspiradas. Em alguns momentos, a edição sugere que trechos essenciais foram eliminados, prejudicando a fluidez da narrativa. A insistência na referência a “Welwyn” é outro ponto que acaba se tornando uma repetição exaustiva, sem agregar substância à trama.
A comédia romântica termina como um passatempo leve e despretensioso, mas sem força para se destacar dentro do gênero. Não é um desastre, tampouco um filme memorável. Com um elenco mais bem ajustado para o casal principal e um roteiro que realmente se aprofundasse na construção das relações, a história poderia ter alcançado um impacto emocional mais expressivo. Para quem busca apenas um entretenimento suave, ele cumpre o papel. Mas para os que esperam uma experiência romântica arrebatadora, melhor seguir em outra direção.
★★★★★★★★★★
