Suspense explosivo e tensão máxima: o thriller francês que está na Netflix Divulgação / Netflix

Suspense explosivo e tensão máxima: o thriller francês que está na Netflix

Nas profundezas insondáveis do oceano, onde a escuridão e o confinamento impõem um desafio constante à razão humana, “Alerta Lobo” se constrói como um thriller de guerra que vai além da mera tensão técnica para explorar os dilemas morais inerentes a decisões de vida e morte. Sob a direção meticulosa de Antonin Baudry, o filme nos conduz por um jogo de estratégias e incertezas onde cada escolha tem o potencial de precipitar uma catástrofe global. Em um espaço onde a comunicação se faz pelo som e a sobrevivência depende da capacidade de interpretar sinais quase imperceptíveis, o protagonista, Chanteraide (François Civil), se revela não apenas um especialista em acústica submarina, mas também a última linha de defesa contra um desastre iminente.

A narrativa se desenrola sob uma atmosfera de crescente pressão, impulsionada por uma trilha sonora precisa e minimalista, composta por Tomandandy, que acentua a claustrofobia e a paranoia latente entre os tripulantes. O roteiro, ainda que remetendo a clássicos do gênero como “Caçada ao Outubro Vermelho”, evita cair na tentação do espetáculo de ação puro de “Maré Vermelha”, optando por uma abordagem que privilegia o suspense e a carga psicológica das decisões militares. A interação entre os personagens interpretados por Civil, Omar Sy e Reda Kateb adiciona uma camada de densidade emocional que torna a trama ainda mais palpável e angustiante. A dinâmica entre eles reforça a fragilidade humana frente à brutalidade dos cenários de guerra, onde um erro é o suficiente para transformar aliados em inimigos mortais.

Apesar disso, “Alerta Lobo” também tropeça em alguns pontos. A sequência inicial, ambientada em terra, parece desnecessária e dispersa, funcionando mais como um artifício expositivo do que como um alicerce narrativo eficiente. O arco romântico entre Chanteraide e a personagem de Paula Beer, embora compreensível como um respiro diante da intensidade do enredo, não se desenvolve o suficiente para se tornar um elemento de peso dentro da trama. São momentos que, se tivessem sido mais bem lapidados, poderiam ter aprofundado ainda mais os conflitos internos do protagonista e ampliado a complexidade do enredo.

O desfecho, no entanto, é onde o filme encontra sua maior fragilidade. A escolha de um ataque nuclear partindo de uma localização improvável, atravessando a Europa para atingir a França, compromete a credibilidade da narrativa. Uma estratégia mais plausível, como um lançamento a partir do Atlântico ou do Mar do Norte, teria conferido maior realismo ao desdobramento da história. Além disso, os efeitos visuais utilizados nas cenas de torpedos e mísseis, apesar de funcionais, não sustentam o mesmo nível de imersão que o restante da produção, revelando limitações técnicas que contrastam com a sofisticação da construção dramática.

Mesmo com essas inconsistências, “Alerta Lobo” chama atenção no cenário dos thrillers contemporâneos ao aliar um conceito instigante a uma execução tensa e bem orquestrada. Sua força está na forma como captura a vulnerabilidade humana em um ambiente onde a lógica implacável da guerra se choca com a necessidade de discernimento moral. Não é um clássico instantâneo, mas, sem dúvida, entrega uma experiência intensa e memorável, deixando o espectador imerso na atmosfera opressiva de um submarino onde cada ruído pode significar tanto a salvação quanto a ruína.

Filme: Alerta Lobo
Diretor: Antonin Baudry
Ano: 2019
Gênero: Ação/Thriller
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★