Entre o apelo irresistível da fuga romântica e os limites do convencional, “La Dolce Villa” se desenha como um espetáculo visualmente encantador, mas narrativamente previsível. Ambientado no coração da Itália, o filme aposta na riqueza estética da paisagem como um de seus principais trunfos, transformando colinas douradas e ruelas pitorescas em peças fundamentais da composição. A direção de fotografia abraça essa proposta com sensibilidade, convertendo o cenário em um elemento tão cativante que, por vezes, sobrepõe-se à narrativa. Entretanto, por trás desse verniz idílico, a história se mantém em terreno seguro, entregando um enredo que, embora confortável, carece de profundidade e frescor.
No centro da trama, Scott Foley, Violante Placido e Maia Reficco interpretam personagens que cumprem suas funções sem grandes reviravoltas. Foley vive Eric, um empresário viúvo que viaja para a Itália determinado a convencer sua filha Olivia (Reficco) a desistir da compra e renovação de uma villa na região. No caminho, ele cruza com Francesca (Placido), prefeita da pequena cidade, que se torna um interesse romântico improvável e, ao mesmo tempo, um elo com um estilo de vida que desafia suas certezas. O trio conduz a história com eficiência, mas sem momentos memoráveis, funcionando mais como engrenagens de um mecanismo já testado do que como protagonistas de um enredo genuinamente envolvente.
Foley, embora carismático, apresenta uma atuação que, em diversos momentos, soa engessada, enfraquecendo o impacto emocional de seu personagem. Placido adiciona charme e uma presença elegante, mas esbarra em um roteiro que não lhe permite explorar nuances mais complexas. Já Reficco injeta energia e leveza à dinâmica, funcionando como um contraponto à previsibilidade dos demais. O elenco secundário, composto por personagens italianos que incorporam o espírito local, adiciona autenticidade e contribui para o tom acolhedor da produção.
No quesito narrativa, “La Dolce Villa” não se aventura além das convenções das comédias românticas, seguindo uma trajetória segura, repleta de desencontros casuais, conflitos superficiais e resoluções que surgem sem grande esforço. Seu maior desafio não está na previsibilidade do roteiro, mas na maneira acelerada como os eventos se desenrolam, comprometendo o desenvolvimento das relações entre os personagens. O filme parece mais interessado em exaltar a beleza do cenário do que em construir conexões humanas genuínas, resultando em interações que, em certos momentos, carecem de naturalidade e profundidade.
Ainda assim, para aqueles que buscam uma experiência leve e escapista, a produção cumpre seu papel sem maiores pretensões. A previsibilidade do roteiro não será um problema para o público acostumado ao gênero, que encontrará aqui os elementos tradicionais de uma história romântica ambientada em um cenário idílico. No entanto, para quem espera uma abordagem mais sofisticada ou inovadora, o longa pode soar como uma repetição de fórmulas já exploradas com maior profundidade, evocando inevitavelmente comparações com produções como “Sob o Sol da Toscana”, que conseguem aliar encantamento visual a um mergulho emocional mais genuíno.
★★★★★★★★★★