John Wick japonês: thriller de ação que acabou de chegar e já disparou no TOP 1 mundial da Netflix Divulgação / Netflix

John Wick japonês: thriller de ação que acabou de chegar e já disparou no TOP 1 mundial da Netflix

Dentro do cenário do cinema de ação asiático, algumas produções tentam capturar a brutalidade e a tensão visceral que marcaram clássicos do gênero, mas poucas conseguem escapar da armadilha da previsibilidade. “Demon City” se insere nessa categoria, esboçando uma proposta interessante, mas tropeçando na execução. O filme se ancora no tema da vingança, uma escolha recorrente em narrativas do tipo, mas carece da densidade dramática e da construção de mundo necessárias para transformar essa jornada em algo memorável. A comparação com obras como “Lady Snowblood” e “Oldboy” torna-se inevitável, mas a ausência de uma profundidade equivalente impede que o longa alcance um patamar de excelência.

A espinha dorsal do enredo gira em torno da busca de um protagonista que, movido pelo desejo de retribuição, se lança contra uma sucessão de inimigos. No entanto, o roteiro não se compromete a desenvolver plenamente suas motivações, tornando seu arco emocional pouco envolvente. Os antagonistas, embora apresentem nuances de ambiguidade moral, não representam um desafio à altura, pois a invulnerabilidade quase caricatural do herói anula qualquer tensão real. Assim, a narrativa se desenrola como um jogo de níveis previsível, no qual cada embate perde progressivamente seu impacto, tornando-se meramente funcional.

No que se refere à ação, elemento central desse tipo de filme, “Demon City” alterna entre momentos de intensidade moderada e sequências que carecem de originalidade. Há um esforço em evocar a visceralidade de títulos como “The Raid”, especialmente na coreografia dos combates em espaços fechados, mas a execução raramente atinge o nível de precisão e brutalidade necessários para se destacar. O filme evita tanto o hiperrealismo seco de “The Night Comes for Us” quanto a estilização quase balética de “John Wick”, resultando em um meio-termo que não se compromete com nenhuma das abordagens. Além disso, a ausência de um senso de urgência e criatividade nas cenas de luta faz com que elas percam força à medida que a trama avança, tornando-se repetitivas.

Visualmente, a produção busca diferenciar-se ao incorporar elementos inspirados no universo dos mangás, o que se reflete tanto na direção de arte quanto nas performances exageradas. Essa teatralidade pode funcionar para um público familiarizado com essa estética, mas, ao invés de agregar profundidade, muitas vezes acaba gerando um efeito de distanciamento. A decisão de estruturar a narrativa em um formato reminiscente de videogames, com confrontos sequenciais contra chefões, poderia ser um trunfo se houvesse uma progressão dramática envolvente, mas a falta de variação e risco nos combates resulta em uma experiência mecânica.

O que torna “Demon City” frustrante não é a falta de potencial, mas a incapacidade de explorar plenamente suas premissas. Existe uma base promissora para um thriller de vingança que poderia transcender o lugar-comum, mas a execução hesitante impede que o filme atinja esse objetivo. O desfecho, coerente dentro da lógica do enredo, não chega a comprometer o conjunto da obra, mas tampouco resgata as oportunidades desperdiçadas ao longo da projeção. Para os espectadores que buscam uma narrativa de vingança impactante e cenas de ação memoráveis, este filme dificilmente será uma experiência marcante. “Demon City” tinha material para se destacar, mas termina como apenas mais um título que se dilui na vasta oferta do gênero.

Filme: Demon City
Diretor: Seiji Tanaka
Ano: 2025
Gênero: Ação/Crime/Thriller
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★