Filme de Aronofsky que divide opiniões está no Prime Video: IMDb aclamou, mas Rotten Tomatoes rechaçou Divulgação / Warner Bros.

Filme de Aronofsky que divide opiniões está no Prime Video: IMDb aclamou, mas Rotten Tomatoes rechaçou

Darren Aronofsky sempre foi um cineasta disposto a desafiar convenções narrativas e estéticas, mas com “Fonte da Vida” ele vai além de qualquer expectativa. Quem se aproxima do filme esperando uma ficção científica tradicional ou uma simples história de amor pode se surpreender, porque a obra se revela uma profunda meditação sobre a mortalidade, o tempo e a busca pelo eterno. Com uma abordagem visualmente arrebatadora e uma estrutura narrativa fragmentada, o filme mergulha o espectador em três linhas temporais interligadas, todas protagonizadas por Hugh Jackman e Rachel Weisz, que entregam atuações extraordinárias. Em vez de contar uma história linear, a obra provoca reflexões que ressoam muito além da projeção.  

A trama se desenrola em três momentos distintos, conectados pelo tema central da transcendência. No século 16, Tomas, um conquistador espanhol, embarca em uma missão sangrenta para encontrar a mítica Árvore da Vida e garantir a imortalidade para sua rainha. No presente, Tom, um cientista obcecado pela cura do câncer, luta desesperadamente para salvar sua esposa Izzi, cuja vida se esvai a cada dia. Já em um futuro longínquo, um astronauta viaja pelo espaço em busca do lugar de paz que sua amada tanto mencionava, carregando a Árvore da Vida como meio de alcançar a compreensão definitiva sobre a existência. Essas três jornadas, embora distintas na superfície, são manifestações da mesma inquietação humana: o medo da perda e o desejo de preservar o que amamos.  

“Fonte da Vida” é um espetáculo visual. Aronofsky utiliza um impressionante trabalho de fotografia para diferenciar as linhas temporais e criar atmosferas únicas, explorando simbolismos, cores e enquadramentos cuidadosamente compostos. O uso magistral de iluminação e efeitos práticos – evitando a computação gráfica sempre que possível – confere um aspecto orgânico e quase etéreo às sequências futuristas. A trilha sonora de Clint Mansell, por sua vez, amplifica a imersão emocional, com melodias sutis que se entrelaçam às imagens para intensificar o impacto dramático da narrativa. O resultado é uma experiência sensorial que transcende a tela, criando um elo entre o espectador e a jornada existencial dos personagens.

Hugh Jackman entrega uma das atuações mais versáteis de sua carreira, transitando entre a bravura desesperada do conquistador, a angústia contida do cientista e a introspecção silenciosa do viajante espacial. Rachel Weisz, por sua vez, personifica delicadeza e força em igual medida, dando vida a Izzi e à rainha Isabel com uma intensidade cativante. Sua presença é o coração emocional do filme, representando a aceitação serena diante do inevitável, em contraste com a resistência obstinada de Tom. Ellen Burstyn, mesmo em um papel menor, enriquece a narrativa com uma atuação carregada de humanidade e sabedoria.

“Fonte da Vida” não é um filme feito para agradar a todos. Sua estrutura aberta, repleta de simbolismos e múltiplas interpretações, exige do espectador uma disposição para embarcar em uma jornada subjetiva, sem respostas fáceis ou conclusões definitivas. Não se trata de uma obra comercial, mas de uma experiência cinematográfica que funciona como um poema visual sobre a efemeridade da vida e a busca pelo infinito. Para aqueles dispostos a se entregar à sua complexidade, o filme oferece uma das experiências mais arrebatadoras do cinema recente, deixando uma marca duradoura muito além do escuro da sala de projeção. Aronofsky, mais uma vez, supera a si mesmo, entregando uma obra-prima que desafia, emociona e permanece na mente como um enigma a ser desvendado infinitamente.

Filme: Fonte da Vida
Diretor: Darren Aronofsky
Ano: 2006
Gênero: Drama/Thriller
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★