A proposta “Borderlands: O Destino do Universo está em Jogo” ressoa como um convite à imersão em um universo onde a adrenalina e os gráficos vibrantes dominam, com o propósito de cativar uma audiência jovem e descomplicada. Adaptado do jogo homônimo, o filme coloca Lilith (Cate Blanchett) em uma busca frenética pela filha sequestrada de Atlas (Edgar Ramirez). No entanto, logo percebe-se que a trama, apesar de suas intenções, se perde em uma sequência previsível de batalhas e cenas viscerais, que, embora impactantes no aspecto visual, carecem de qualquer profundidade substancial. A essência da história, subjugada pela estratégia de espetáculo, fica relegada a segundo plano.
A introdução de Claptrap, um robô sarcástico e comicamente deslocado, adiciona um tom de leveza à narrativa, mas também destaca o vazio que permeia a construção do enredo. Sua interação com Lilith, embora divertida, é uma constante reafirmação do que poderia ser uma proposta mais ousada. O filme, ao não explorar completamente as possibilidades de seus personagens, se limita a uma diversão passageira, com humor raso e uma ação que, em sua repetição, perde seu impacto inicial.
“Borderlands” não é uma tentativa de transcender as expectativas do cinema de entretenimento; ao contrário, ele abraça sua natureza superficial e serve como um lembrete do que muitos procuram no cinema: escapismo. Contudo, a desconexão começa quando o filme tenta transmitir a irreverência do jogo sem a coragem de explorar as complexidades que o caracterizam. A abordagem PG-13, ao diluir o humor negro e as críticas ácidas do jogo, subverte a essência da franquia e apresenta uma versão suavizada, que, embora mais acessível ao público juvenil, abandona o que tornava a experiência tão única no formato original.
No entanto, ao abandonar qualquer pretensão de ser mais do que uma jornada visual e cômica, o filme se faz valer em sua simplicidade. “Borderlands” não tem a pretensão de ser uma obra-prima, e isso se reflete em sua estrutura direta e, por vezes, descompromissada. A narrativa simples é exatamente o que o público pode esperar de uma adaptação de videogame que, ao se focar na diversão, garante o seu objetivo: ser uma diversão despretensiosa. A leveza com que encara seu próprio enredo é sua maior virtude e, ao mesmo tempo, seu maior defeito, já que ressignifica as ambições que um filme adaptado de uma franquia de peso como “Borderlands” poderia ter atingido.
“Borderlands: O Destino do Universo está em Jogo” cumpre o papel de entreter, mas não mais que isso. É um filme que pede ao espectador que ajuste suas expectativas, já que sua missão não é fornecer uma narrativa complexa ou profundidade emocional, mas sim uma série de cenas explosivas e diálogos rápidos, tudo isso encoberto pela capa de um espetáculo visual. Àqueles que abraçam esse conceito, o filme oferece uma diversão leve e sem grandes pretensões. Mas para aqueles que buscam algo mais, que esperam que a adaptação capture o espírito do jogo em toda sua irreverência, a frustração será inevitável.
Neste jogo de expectativas e concessões, “Borderlands” nos lembra que, por mais que o cinema de ação busque cativar os sentidos, a verdadeira magia reside em saber equilibrar profundidade e espetáculo. Por mais que esse filme consiga entreter de maneira descontraída, ele deixa uma sensação de que poderia ter sido mais ousado, mais fiel ao material de origem, mais audacioso em suas escolhas. No final, é um filme para quem não busca mais do que uma experiência rápida e explosiva — um entretenimento sem profundidade, mas que cumpre seu propósito com charme para quem souber apreciá-lo.
★★★★★★★★★★