Noah sempre enxergou o amor como um jogo cruel, onde expectativas e frustrações dançam num ciclo interminável. Para ela, felicidade amorosa é um conceito ilusório, uma promessa inalcançável que cobra caro por breves momentos de alegria. Contudo, a protagonista de “Minha Culpa: Londres” se recusa a desistir e, impulsionada pela obstinação de quem quer vencer os próprios medos, enfrenta os desafios de um amor que parece fadado ao conflito. Mas ela não imagina o quanto o caminho será longo e tortuoso.
Sob a direção de Charlotte Fassler e Dani Girdwood, a adaptação do romance de Mercedes Ron mantém o foco nas complexidades emocionais dos protagonistas, mas repete o erro dos filmes anteriores ao negligenciar personagens secundários que poderiam enriquecer a narrativa. Esse foco excessivo no casal principal faz com que o enredo perca oportunidades de explorar subtramas mais envolventes, resultando em uma história que se limita à superficialidade do drama amoroso juvenil, sem aprofundar dilemas que poderiam ecoar com mais força.
Amor e destino se cruzam de maneira inesperada, revelando o anseio de Noah por algo que ainda não sabe definir, mas que sente faltar em sua vida. Ao lado de um príncipe imperfeito, ela enfrenta seus traumas e descobre que o caminho para o amadurecimento é cheio de reviravoltas e dúvidas. O roteiro de Melissa Osborne utiliza metáforas cuidadosamente elaboradas para explorar essa transição emocional, enquanto a mudança para Londres serve como pano de fundo para o confronto com os fantasmas do passado. No entanto, o filme falha em aproveitar personagens coadjuvantes como Bethan, que poderia oferecer um contraponto significativo à jornada de Noah.
Essa abordagem limitada deixa a narrativa previsível e desprovida de tensão dramática, algo que também marcou os predecessores “Minha Culpa” (2023) e “Sua Culpa” (2024). Apesar do crescimento emocional de Noah, a trama recai na fórmula desgastada de amores impossíveis e conflitos internos sem oferecer novas camadas de complexidade. Nick, o antagonista interpretado por Matthew Broome, acaba desperdiçado em um papel unidimensional, desperdiçando a oportunidade de explorar dilemas morais mais profundos.
Ainda que o filme tente emular o clima de “As Ligações Perigosas”, falta-lhe a ousadia necessária para realmente desconstruir o amor romântico juvenil. Fassler e Girdwood entregam uma narrativa esteticamente atraente, mas superficial em sua abordagem emocional, falhando em criar um vínculo emocional duradouro com o espectador. A história, então, se arrasta para um desfecho previsível, sem surpresas ou reviravoltas que poderiam dar um fôlego à trama.
★★★★★★★★★★