O filme de Tom Hanks que você nunca ouviu falar, mas que é simplesmente perfeito e vai fazer você se contorcer de tanto chorar, na Apple TV+ Divulgação / Apple Original Films

O filme de Tom Hanks que você nunca ouviu falar, mas que é simplesmente perfeito e vai fazer você se contorcer de tanto chorar, na Apple TV+

“Finch” é um contraponto às produções comerciais extravagantes e  superficiais banhadas de CGI, apostando na intimidade de uma história sensível e profundamente humana. Sob a direção de Miguel Sapochnik, conhecido por seu trabalho marcante em “Game of Thrones”, o filme se desvia das convenções do gênero pós-apocalíptico para explorar temas como solidão, conexão e o legado que deixamos.

Tom Hanks, em mais uma atuação irretocável, carrega a narrativa praticamente sozinho, trazendo à vida Finch, um engenheiro solitário que, consciente de sua saúde fragilizada, constrói um robô para cuidar de seu cachorro, Goodyear. O trio improvável parte em uma jornada através de um mundo devastado, onde a civilização foi reduzida a escombros e a sobrevivência depende não apenas da adaptação, mas também do sentido que encontramos na vida mesmo diante do fim iminente.

A força de “Finch” não está em reviravoltas mirabolantes ou em sequências espetaculares de ação, mas na construção meticulosa da relação entre seus três protagonistas. O robô, programado para aprender e evoluir, não é meramente uma ferramenta narrativa, mas um personagem em desenvolvimento, espelhando as nuances da condição humana e desafiando Finch a confrontar seus próprios medos e arrependimentos. Goodyear, por sua vez, funciona como um elo emocional essencial, reforçando a necessidade de laços afetivos mesmo quando tudo ao redor parece desmoronar.

O ritmo contemplativo do filme pode frustrar espectadores em busca de um espetáculo visual, mas é justamente nessa cadência mais pausada que “Finch” encontra sua identidade. Os diálogos entre Finch e seu robô transcendem questões práticas da sobrevivência e se tornam uma investigação filosófica sobre mortalidade, propósito e o desejo universal de ser lembrado. O filme se desdobra como uma meditação sobre a passagem do tempo, onde cada escolha carrega um peso emocional tangível e cada interação contribui para a construção de um vínculo inesperado, mas profundamente significativo.

Se a primeira metade de “Finch” estabelece uma atmosfera envolvente e cativante, o segundo ato perde parte desse impacto ao seguir um caminho mais previsível, sem a mesma força emocional inicial. Ainda assim, há momentos de sutileza e beleza suficientes para sustentar o filme até seu desfecho, que evita sentimentalismos forçados e reforça a mensagem central da obra: a importância da conexão e do legado que deixamos para aqueles que permanecem.

O verdadeiro mérito de “Finch” está em sua recusa em se curvar às expectativas de um público habituado a narrativas espetaculares. Ao invés de depender de grandiosidade visual, o filme aposta na força da simplicidade, na profundidade das relações e na carga emocional de uma jornada marcada pela finitude. Tom Hanks, com sua habitual maestria, eleva cada cena, provando que o talento e um roteiro bem construído podem transformar até mesmo uma premissa minimalista em uma experiência memorável.

Sem a pretensão de revolucionar o gênero, “Finch” encontra sua grandeza naquilo que muitas produções ignoram: a essência humana. Em um mundo onde a tecnologia avança a passos largos e a interação genuína parece cada vez mais escassa, o filme ressoa como uma lembrança de que, no fim, são os laços que formamos que nos definem. Não é apenas um relato sobre sobrevivência, mas um testamento à necessidade inescapável de conexão — uma reflexão poderosa e inesperadamente tocante sobre o que significa ser humano.

Filme: Finca
Diretor: Miguel Sapochnik
Ano: 2021
Gênero: Aventura/Drama/Ficção Científica
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★