Quando, nas redes sociais, queremos indicar que gostamos de algum post, texto, vídeo ou qualquer coisa que lemos, vemos ou escutamos, devemos apertar o botão “Like”, que, em português, quer dizer “gosto”. Mas quando o nerd responsável por adaptar o Facebook para o português foi fazer essa tradução, ele resolveu usar a palavra “curtir”. Quem é do meu tempo, que viveu nos anos 70/80 do século passado, sabe muito bem que esse verbo curtir é antigo, uma coisa meio hippie que surgiu naquela época e que caiu em desuso lá pelos anos 90. Portanto, o cara que fez a tradução da palavra Like devia ser um velho hiponga que achou muito sem graça criar o botão “Gostei” e foi buscar “curtir” do fundo do armário dos anos 80, onde ela estava guardada, cheia de poeira.
É claro que a palavra curtir gostou muito de ser ressuscitada, curtiu bastante e ficou muito feliz por voltar novamente a ser falada ou, melhor ainda, clicada a toda hora por pessoas que mal a conheciam antes. Hoje em dia, curtir é uma palavra comum, se curte muita coisa, e, nas redes sociais, curtir virou mais natural do que gostar ou adorar.
Mas, se Like virou curtir e não foi adaptado para laicar ou laiquei, por que post também não foi traduzido? Post é uma palavra que não existe em português, então por que não traduzi-la para publicação? Talvez porque publicação seja uma palavra muito grande, mas alguns posts que lemos são tão ruins que corremos o risco de dizer que não foi um post, mas um bost!
A verdade é que o tradutor das redes sociais é um cara meio ciclotímico, que, às vezes, traduz e, às vezes, esquece de traduzir. Deletar, por exemplo, poderia ser apagar, mas nunca foi – a palavra apagar foi deletada das redes sociais. Já compartilhar, uma palavra enorme e pouco usada por aqui, virou comum. Talvez porque, em inglês, seja share e poderia acabar virando sherar, o que certamente não iria cheirar muito bem. E pior: um desavisado poderia acabar sherando um bost!