Thriller político com Kiefer Sutherland e Michael Douglas vai te deixar na ponta do sofá, na Netflix Doane Gregory / Twentieth Century Fox

Thriller político com Kiefer Sutherland e Michael Douglas vai te deixar na ponta do sofá, na Netflix

Michael Douglas retorna ao gênero dos thrillers políticos em “Sentinela”, dando vida a Pete Garrison, um veterano do Serviço Secreto mergulhado em uma intrincada teia de conspiração e traição dentro da Casa Branca. O que parecia ser mais uma rotina de proteção ao presidente se transforma em uma caçada implacável quando Garrison se torna o principal suspeito de ser um agente infiltrado. A lealdade que ele sempre cultivou na instituição dá lugar a uma investigação que coloca em xeque sua honra, sua trajetória e sua própria sobrevivência. 

Como se não bastasse a pressão da acusação, sua relação secreta com a Primeira-Dama (Kim Basinger) adiciona um elemento explosivo à equação, tornando-o um alvo ainda mais vulnerável. David Breckinridge (Kiefer Sutherland), seu ex-protegido e agora obstinado investigador, assume a missão de capturá-lo, guiado tanto pelo dever quanto por um ressentimento pessoal profundo, nutrido pela suspeita de que Garrison teve um caso com sua ex-esposa. O embate entre os dois se desenrola como um duelo psicológico e estratégico, em que cada movimento pode ser fatal.

Baseado no romance de Gerald Petievich, “Sentinela” busca se solidificar como um thriller de conspiração envolvente, mas esbarra em clichês narrativos que comprometem sua originalidade. A trama, embora instigante em sua premissa, entrega reviravoltas previsíveis que exigem um alto grau de suspensão de descrença. O filme tenta compensar essa fragilidade com uma abordagem detalhista sobre protocolos de segurança e tecnologia de espionagem, o que confere um verniz de autenticidade à narrativa, mas não é suficiente para elevar o material a um patamar superior. 

Douglas, com sua presença magnética e experiência em papéis semelhantes, ancora a história com firmeza, conferindo à figura de Garrison um misto de vulnerabilidade e determinação. Já Sutherland, por mais eficiente que seja na interpretação de Breckinridge, acaba reproduzindo trejeitos que remetem excessivamente ao seu icônico papel em “24 Horas”, o que pode gerar uma sensação de repetição para o público familiarizado com sua filmografia. Basinger, embora competente, é subaproveitada em um papel que merecia mais complexidade e nuance, sendo relegada a um arco dramático que pouco acrescenta à narrativa central.

Como um thriller político de alto risco, “Sentinela” quer um lugar entre produções marcantes do gênero, como “Na Linha de Fogo”, mas tropeça em sua execução. Algumas subtramas são abruptamente descartadas ou desenvolvidas de maneira superficial, enfraquecendo o impacto do enredo e diluindo a tensão que deveria sustentar a narrativa. A participação de Eva Longoria como uma jovem agente do Serviço Secreto também não agrega substância significativa à história, carecendo do peso dramático necessário para consolidar sua personagem de forma memorável. 

A direção aposta em um ritmo acelerado, o que mantém a atenção do espectador, mas não compensa as lacunas estruturais da trama. O resultado é um filme que, embora eficiente em sua proposta de entretenimento, carece da sofisticação e do impacto necessários para se tornar verdadeiramente marcante. “Sentinela” entrega sequências de ação bem orquestradas e um jogo de poder intrigante, mas sua passagem pela memória do espectador tende a ser tão fugaz quanto seus momentos de maior tensão.

Filme: Sentinela
Diretor: Clark Johnson
Ano: 2006
Gênero: Ação/Crime/Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★