Robert McCall está de volta, desta vez refugiado em uma vila tranquila na Sicília, tentando deixar para trás um passado marcado por violência e vingança. No entanto, a sombra de antigas injustiças o persegue, arrastando-o para um confronto implacável com um sofisticado esquema de escravização de imigrantes. “O Protetor: Capítulo Final” não só recupera o espírito sombrio e intenso dos filmes anteriores, mas eleva a narrativa a um novo patamar com uma violência ainda mais crua e uma reflexão profunda sobre justiça, moralidade e redenção. Antoine Fuqua conduz a trama com uma direção afiada, trazendo uma abordagem sombria e realista que transforma cada cena em um estudo visceral do bem contra o mal.
Denzel Washington entrega uma performance hipnotizante, explorando novas camadas de um personagem atormentado por seus demônios internos, mas determinado a fazer o que julga ser certo, mesmo que isso signifique mergulhar novamente em um mundo de brutalidade. Ao revisitar o papel de Robert McCall, Washington revela a dualidade de um homem em constante luta com seu código moral enquanto confronta inimigos impiedosos. Dessa vez, McCall não enfrenta apenas criminosos; ele desafia um sistema corrupto que lucra com o sofrimento humano, tornando sua busca por justiça ainda mais pessoal e complexa. Cada golpe é carregado de propósito, cada decisão é marcada por dilemas éticos que o aproximam da linha tênue entre o herói e o vilão.
O roteiro, assinado por Richard Lindheim, Michael Sloan e Richard Wenk, vai além do clichê da vingança e constrói um drama carregado de tensão psicológica e emoção genuína. A narrativa explora a conexão inesperada entre McCall e Khalid, um jovem refugiado marroquino preso em um ciclo de exploração e desespero. Essa amizade improvável humaniza o protagonista e adiciona uma profundidade emocional rara em filmes de ação. Khalid representa não apenas a inocência corrompida pelo crime organizado, mas também a esperança de redenção para McCall, que vê no jovem a chance de corrigir injustiças que ele próprio testemunhou durante sua vida de violência.
Além disso, o filme resgata a relação de McCall com Emma Collins, agora uma mulher madura, interpretada com sutileza por Dakota Fanning. A química entre Washington e Fanning traz um toque de nostalgia e humor sutil, lembrando o público das conexões emocionais que definem o protagonista. Esses momentos de vulnerabilidade contrastam magistralmente com a brutalidade das cenas de ação, criando um equilíbrio perfeito entre emoção e adrenalina. Antoine Fuqua utiliza essa dualidade para explorar um anti-herói que, mesmo tentando escapar de seu passado, não consegue fugir de sua essência vingativa, transformando cada confronto em um duelo moral.
A cinematografia de Fuqua não decepciona, com cenas de ação coreografadas com precisão e uma ambientação que explora a beleza rústica da Sicília, contrapondo a serenidade do local com a violência brutal que McCall traz consigo. Os vilões não são apenas inimigos a serem derrotados, mas representações de um mal sistêmico, tornando cada batalha mais do que um simples embate físico, mas um conflito filosófico sobre justiça e vingança. A trilha sonora intensa complementa a atmosfera sombria, criando uma tensão palpável que mantém o público na ponta da cadeira do início ao fim.
“Capítulo Final” não é apenas um desfecho para a trilogia, mas um estudo profundo sobre as consequências de viver pela espada. McCall é um homem tentando encontrar paz em um mundo que não permite descanso para aqueles que desafiam a escuridão. A complexidade moral e a intensidade dramática fazem deste filme não só um thriller de ação eletrizante, mas também uma reflexão sobre redenção e o preço de se buscar justiça pelas próprias mãos. Antoine Fuqua entrega um épico moderno, fazendo jus ao legado do personagem e proporcionando um desfecho poderoso e inesquecível.
★★★★★★★★★★