Superprodução de 180 milhões de dólares é filme mais visto da Disney+ e dos cinemas na atualidade Divulgação / Marvel Studios

Superprodução de 180 milhões de dólares é filme mais visto da Disney+ e dos cinemas na atualidade

“Capitão América: Admirável Mundo Novo” chega com expectativas moderadas e uma recepção dividida, refletindo a atual fase do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). A proposta era simples: um filme de ação direto, eficiente e sem excessos de CGI, focado na transição de Sam Wilson (Anthony Mackie) como o novo Capitão América. Embora consiga entregar boas sequências de combate e uma narrativa relativamente envolvente, o filme é prejudicado por problemas estruturais que vão desde um roteiro apressado até a subutilização de personagens com grande potencial.

O enredo, apesar de algumas conexões intrigantes com “Eternos”, peca pela falta de profundidade e desenvolvimento. O ritmo acelerado compromete a imersão, e as escolhas de edição tornam algumas transições abruptas, deixando a sensação de que a história poderia ter sido mais bem explorada. A maior decepção reside na construção do antagonista, que carece de presença e complexidade, diluindo a força dramática do confronto. A introdução do Hulk Vermelho, por exemplo, prometia grande impacto, mas sua abordagem superficial desperdiça uma excelente oportunidade de elevar o nível do conflito.

Apesar dos problemas narrativos, o elenco se destaca e carrega grande parte do peso dramático da produção. Anthony Mackie brilha no papel principal, trazendo carisma e um senso de responsabilidade que tornam sua jornada crível. Seu desempenho confere autenticidade ao novo Capitão América, evidenciando sua evolução desde a série “Falcão e o Soldado Invernal”. Danny Ramirez, como Joaquin Torres, surpreende positivamente e apresenta boa química com Mackie, consolidando-se como um potencial parceiro de longa data no MCU. Harrison Ford, por outro lado, aparenta desconforto no papel do General Thunderbolt Ross, algo compreensível dada a intensidade física exigida pelo personagem, que pode demandar soluções alternativas em futuras produções. Shira Haas, embora talentosa, parece deslocada como Ruth Bat-Seraph, possivelmente devido a limitações na construção do roteiro e na falta de um contexto mais rico para sua personagem.

No quesito ação, o longa entrega sequências bem coreografadas, incluindo combates aéreos empolgantes e momentos de grande impacto visual. A escolha por uma abordagem mais realista, com consequências físicas visíveis nos personagens, contribui para a credibilidade das cenas. No entanto, problemas na edição comprometem a fluidez de algumas lutas, tornando-as menos imersivas do que poderiam ser. Ainda assim, para os fãs do gênero, a diversão é garantida.

O filme, no entanto, sofre de um problema recorrente no MCU recente: a falta de um impacto duradouro. Os primeiros 60 a 75 minutos estabelecem um ritmo promissor, mas o ato final se dissolve em um desfecho morno, sem grandes consequências para o futuro da franquia. A cena pós-créditos, previsível, teria funcionado melhor como parte integrante do clímax. A impressão é de que “Capitão América: Admirável Mundo Novo” serve apenas como uma ponte para as próximas produções, um “preenchimento de arco” para solidificar Sam Wilson antes de sua inserção em um novo filme dos Vingadores.

Apesar das críticas, o longa tem seus méritos e deve agradar aqueles que buscam um entretenimento direto e repleto de ação. Não é uma revolução dentro do gênero, mas entrega o suficiente para manter o MCU em movimento. Para o futuro, a esperança é que a franquia invista em roteiros mais coesos, antagonistas memoráveis e um desenvolvimento mais cuidadoso de seus personagens. Afinal, um herói só é tão forte quanto os desafios que enfrenta.

Filme: Capitão América: Admirável Mundo Novo
Diretor: Julius Onah
Ano: 2025
Gênero: Ação/Aventura
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★