No panorama dos thrillers políticos contemporâneos, “Zero Day” traz uma proposta ambiciosa, mas que oscila entre o envolvente e o previsível. A série inicia com uma atmosfera eletrizante, entrelaçando conspirações e intrigas que prometem uma narrativa instigante. Contudo, conforme os episódios avançam, percebe-se uma inclinação ao convencional, onde reviravoltas esperadas e abordagens formulaicas enfraquecem o impacto inicial.
O grande trunfo da produção reside no elenco de peso, encabeçado por Robert De Niro. Seu desempenho impõe presença e autoridade, elevando a credibilidade do enredo. Entretanto, a trama parece não explorar plenamente sua complexidade dramática, limitando-se a diálogos que reforçam arquétipos já conhecidos do gênero. Jesse Plemons, em uma atuação sólida, carece de momentos que realmente evidenciem sua versatilidade, enquanto Angela Bassett, no papel da presidente dos Estados Unidos, vê sua performance prejudicada por um roteiro que a confina a discursos genéricos e urgências pouco convincentes, remetendo a estereótipos desgastados.
Esteticamente, “Zero Day” é um espetáculo. A cinematografia aproveita locações imponentes e uma iluminação estratégica para amplificar a tensão, enquanto o design sonoro contribui significativamente para a imersão, transformando cada cena em um jogo de percepção e desconfiança. No entanto, a sofisticação estética não encontra um equivalente em sua abordagem narrativa. O roteiro flerta com temas políticos contemporâneos, mas faz isso de maneira superficial, sem aprofundar suas implicações ou oferecer reflexões instigantes sobre os bastidores do poder.
A fragilidade mais evidente da série está na previsibilidade de sua progressão dramática. Momentos que deveriam surpreender acabam sendo facilmente dedutíveis, minando o efeito da construção do suspense. Além disso, os conflitos psicológicos dos personagens carecem de nuances mais refinadas, resultando em figuras que, embora bem interpretadas, não transcendem as expectativas do gênero.
Ainda assim, para os entusiastas de thrillers políticos, “Zero Day” tem seus méritos. A execução técnica é eficiente, e o ritmo mantém o espectador engajado o suficiente para seguir a trama até seu desfecho. Há lampejos de inteligência estrutural e um esforço evidente em entregar um entretenimento de qualidade, ainda que sem a profundidade transformadora que poderia diferenciá-la.
No saldo final, “Zero Day” cumpre sua função como um thriller político de apelo comercial, mas sem trazer nada de novo ao gênero. Seu maior mérito talvez seja reforçar a presença de Robert De Niro no gênero, reafirmando sua capacidade de conferir densidade a qualquer projeto. Contudo, para aqueles que buscam uma abordagem verdadeiramente inovadora, a série pode parecer mais uma engrenagem bem lubrificada de uma máquina já conhecida.
★★★★★★★★★★