Comédia romântica charmosa e encantadora com Scarlett Johansson e Channing Tatum está na Apple TV+ Divulgação / Apple Studios

Comédia romântica charmosa e encantadora com Scarlett Johansson e Channing Tatum está na Apple TV+

“Como Vender a Lua” se desenha como uma curiosa fusão de romance, comédia, sátira política e drama histórico, inserido no caloroso cenário da corrida espacial dos anos 1960. A trama gira em torno de Kelly (Scarlett Johansson), uma publicitária incumbida de alavancar a imagem da NASA durante o programa Apollo 11, e de Cole (Channing Tatum), o cético diretor de lançamento, que reluta em aceitar sua posição. A colaboração entre ambos, marcada pela tensão entre ficção e realidade, se transforma em uma metáfora da própria manipulação política e da construção da narrativa nacional daquele período. Essa justaposição de tons, apesar de promissora, não consegue se firmar com precisão, o que deixa o espectador com a impressão de uma experiência fragmentada, sem um ritmo claro e um mergulho profundo nas complexidades internas dos personagens.

A performance de Johansson, sempre elegante, traz uma densidade peculiar à sua personagem, mas sua química com Tatum nunca alcança o nível de empatia esperado. Tatum, em particular, sente-se desconectado do papel, não conseguindo captar as nuances de um homem dos anos 60, parecendo, muitas vezes, mais um moderno com um retrocesso nostálgico. Isso contribui para uma desarmonia entre os atores centrais, prejudicando o envolvimento emocional do público com sua dinâmica. Por outro lado, o elenco de apoio, liderado por Woody Harrelson, Ray Romano e Jim Rash, brilha com atuações que são tanto memoráveis quanto carismáticas. Harrelson, com seu cinismo característico, e Rash, com humor espontâneo e exagerado, oferecem uma ressurreição do tom cativante, proporcionando alívio e leveza ao filme.

Sob a direção de Greg Berlanti, o filme mantém um apelo visual que se beneficia da estética dos anos 1960. O uso criterioso de figurinos e cenários contribui para a construção de uma atmosfera autêntica, ainda que a cinematografia, embora competente, não consiga criar um impacto visual avassalador. A trilha sonora de Daniel Pemberton, com sua sonoridade nostálgica, não só complementa a era, mas também imerge o espectador na tensão histórica da missão Apollo 11. Contudo, a sequência do pouso lunar, uma das mais esperadas, perde parte de seu potencial espetacular, não conseguindo transparecer a grandiosidade do feito. A intercalagem de imagens de arquivo com filmagens modernas não atinge a profundidade imersiva desejada, fazendo com que a sequência se sinta mais como uma lembrança distante do que um momento cinematográfico de impacto.

“Como Vender a Lua” é um filme que, embora simpático e agradável, não escapa das armadilhas de sua própria fórmula. Ele se equilibra entre um romance leve e uma dramática abordagem histórica, sem conseguir explorar totalmente o peso dos temas que sugere. A falta de uma química mais intensa entre os protagonistas, somada a uma trama que oscila entre gêneros, faz com que o filme não tenha o impacto duradouro que seus elementos propõem. No entanto, para aqueles que buscam uma narrativa descontraída e um entretenimento acessível, a produção ainda se mostra uma opção viável para uma noite de lazer, proporcionando um toque de romance e um vislumbre da história espacial, sem, contudo, se aprofundar nas suas vertentes mais complexas.

Filme: Como Vender a Lua
Diretor: Greg Berlanti
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★