A melhor comédia romântica de 2025 está na Netflix, é um dos filmes mais assistidos do ano — e ninguém consegue parar de ver Divulgação / Netflix

A melhor comédia romântica de 2025 está na Netflix, é um dos filmes mais assistidos do ano — e ninguém consegue parar de ver

Todo casamento é um jogo sutil de expectativas e receios. Quando a relação começa a se desgastar, muitos casais tentam reacender a chama revivendo momentos de um passado idealizado. Mas, em geral, as crises amorosas são mais complexas, com raízes profundas que exigem mais do que fugas temporárias ou mudanças superficiais. A menos que ambos enfrentem fantasmas antigos e medos não ditos, qualquer tentativa de restauração está fadada ao fracasso — especialmente quando um dos lados se exime de responsabilidade, acreditando que o problema não o afeta diretamente.

Hanna e Samuel vivem essa tensão, protagonizando uma narrativa que revela como os dilemas emocionais não poupam nem os mais racionais escandinavos. O diretor Staffan Lindberg usa o absurdo de maneira magistral, trazendo à tona situações que, embora extremas, soam dolorosamente familiares. O enredo ganha força na sutileza com que apresenta personagens repletos de contradições e segredos, explorando o lado oculto dos relacionamentos com uma autenticidade perturbadora.

O casal planeja se casar na charmosa Gotlândia, mas a ideia de reunir suas famílias revela conflitos e expectativas não alinhadas. Enquanto os parentes de Hanna encaram a decisão com ceticismo, os de Samuel mal podem esperar para conhecê-la — ainda que isso acabe gerando confrontos velados. O pai de Hanna, vivido por Kjell Bergqvist, lida com as mudanças com serenidade, mas MajGun, a mãe de Samuel, representa um desafio maior: com uma postura passivo-agressiva, tenta impor sua visão tradicional, insistindo para que Hanna use um traje típico sueco na cerimônia.

A atuação de Babben Larsson como MajGun é um dos destaques. Ela navega entre a vilania disfarçada e a simpatia manipuladora com uma habilidade rara, expondo o peso das expectativas familiares. Ao lado dela, Matilda Källström e Charlie Gustafsson surpreendem na pele de Hanna e Samuel, conferindo autenticidade a personagens que lutam para conciliar seus sonhos individuais com as exigências alheias. Lindberg constrói a narrativa com sensibilidade e humor ácido, conduzindo o público por um caminho que, apesar de doloroso, é extremamente realista.

A fotografia de Erik Nordlund contribui para a imersão na paisagem de Gotlândia, com seus penhascos dramáticos e cenários bucólicos, que simbolizam as emoções conflitantes dos protagonistas. A escolha das locações e a maneira como a luz natural é explorada suavizam algumas falhas do roteiro, especialmente no segundo ato, onde o ritmo desacelera. No entanto, a autenticidade das emoções e o desfecho sincero compensam eventuais lacunas, fazendo desta uma obra que ressoa na mente do espectador muito tempo depois dos créditos finais.

Filme: Os Altos e Baixos do Amor
Diretor: Staffan Lindberg
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★