Roel Reiné abraça o trash com entusiasmo em sua narrativa sobre vingança e redenção no Velho Oeste. “Inferno no Faroeste” acompanha Guerrero, um fora da lei traído por seus próprios capangas, liderados pelo meio-irmão Red Cavanaugh. Em um giro absurdo, Guerrero recebe uma segunda chance do próprio diabo para acertar as contas. O filme mergulha no nonsense de maneira envolvente, misturando cenas no inferno e a jornada de vingança em Tombstone, cujo trocadilho faz mais sentido no idioma original. As cenas de ação, lutas meticulosamente coreografadas e explosões sem CGI, todas conduzidas com firmeza por Reiné, mantêm o público preso à narrativa, mesmo os menos atraídos pelo gênero.
A história vai além de um simples duelo entre irmãos: Guerrero, mestiço e marginalizado, contrasta com Red, um branco privilegiado. Os dois compartilham a origem no ventre de uma prostituta, mas apenas Guerrero carrega as cicatrizes sociais desse passado. Reiné constrói um protagonista ambíguo, simultaneamente um anjo vingador e um desajustado feroz.
O cenário do inferno é sóbrio e cruel, com um forno imenso para os condenados e uma cadeira de tortura onde o diabo, interpretado com perfeição por Mickey Rourke, marca seus hóspedes. Danny Trejo e Anthony Michael Hall disputam o título de personagem mais desprezível, trazendo complexidade ao enredo. “Inferno no Faroeste” é, na essência, a homenagem apaixonada de Reiné aos faroestes de sua infância na Holanda, resultando em uma obra visceral e inesquecível.
★★★★★★★★★★