Thriller genial e intrigante é o melhor filme de 2025 e está concorrendo a 8 estatuetas no Oscar Divulgação / FilmNation Entertainment

Thriller genial e intrigante é o melhor filme de 2025 e está concorrendo a 8 estatuetas no Oscar

Edward Berger entrega, com “Conclave”, um patamar de sofisticação que desafia a própria noção do thriller político convencional. Em vez de meramente ilustrar a disputa pelo trono de São Pedro, o filme nos imerge em um universo onde as intrigas são travadas em olhares furtivos, sussurros carregados de segundas intenções e alianças que evaporam diante da mais tênue brisa de ambição. 

A sutileza narrativa de Berger é um dos grandes trunfos de “Conclave”. Ele compreende que o verdadeiro suspense não se constrói apenas com reviravoltas, mas com a tensão latente que se infiltra em cada cena. O espectador sente o peso da clausura, a opressão do voto secreto e o dilema moral que paira sobre os cardeais confinados, cada um carregando sua própria história, suas próprias sombras. O filme evita a armadilha de demonizar ou santificar seus personagens, preferindo explorá-los como figuras complexas, cujas crenças e ambições se entrelaçam de forma inextricável.

O roteiro de Peter Straughan é um estudo meticuloso sobre a natureza da lealdade e da traição, onde a fé muitas vezes se torna moeda de troca para interesses mais terrenos. A política do conclave é retratada com uma precisão cirúrgica, sem nunca perder de vista os dilemas humanos que a sustentam. A escolha cuidadosa das palavras, a parcimônia nos diálogos e a construção de subtextos ricos fazem com que cada cena carregue um peso significativo, exigindo do espectador uma atenção minuciosa.

Ralph Fiennes entrega um trabalho primoroso como Lawrence, traduzindo em pequenos gestos e pausas calculadas toda a angústia de um homem que, ao tentar manter a integridade do processo, descobre que a própria verdade é maleável. Sua interação com John Lithgow e Stanley Tucci oferece alguns dos momentos mais eletrizantes do filme, onde as batalhas não são travadas com espadas, mas com insinuações e raciocínios afiados como lâminas.

A cinematografia de Stéphane Fontaine confere ao Vaticano uma aura de mistério e imponência, ressaltando a grandiosidade dos espaços e, paradoxalmente, a sensação de enclausuramento daqueles que o habitam. A paleta de cores, dominada por tons austeros, reforça o clima de sobriedade e introspecção, enquanto a trilha sonora de Volker Bertelmann insere nuances de tensão sem recorrer a obviedades.

“Conclave” não se limita a ser um thriller de bastidores, mas uma meditação sobre a fragilidade do poder e a eterna tensão entre fé e pragmatismo. O desfecho, carregado de simbolismo, não oferece respostas óbvias, mas sim um convite à reflexão sobre as forças que moldam não apenas a Igreja, mas todas as instituições que se sustentam sobre promessas de redenção e liderança moral. É um filme que reverbera além da tela, provocando questionamentos que persistem muito depois dos créditos finais.

Filme: Conclave
Diretor: Edward. Berger
Ano: 2025
Gênero: Drama/Thriller
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★