Esta série custou bilhões e já valeu o investimento: 40 milhões de espectadores nos primeiros 11 dias, no Prime Video Divulgação / Amazon Studios

Esta série custou bilhões e já valeu o investimento: 40 milhões de espectadores nos primeiros 11 dias, no Prime Video

A segunda temporada da série ambientada na Terra Média se consolida como um espetáculo visual e narrativo, expandindo com audácia e criatividade o universo de “O Senhor dos Anéis”. Desde sua cinematografia imponente até a meticulosa construção dos cenários, a produção entrega uma experiência estética primorosa. Cada localidade, como o majestoso reino subterrâneo de Khazad-dûm, é retratada com um detalhismo impressionante, transportando o espectador para um mundo que equilibra magia e realismo de forma única. O design de produção é um dos pontos mais brilhantes da série, recriando com maestria a grandiosidade de civilizações antigas e a imponência da paisagem natural.

A trama se desenrola na Segunda Era da Terra Média, um período de transição e reconfiguração após a queda de Morgoth, o primeiro grande mal da história. Apesar da vitória dos Elfos sobre seu exército de Orcs, a paz não foi alcançada. Sauron, seu fiel comandante, sobreviveu e continua a espalhar sua influência sombria. Nesse contexto, a incansável perseguição de Galadriel a Sauron se torna um dos pilares narrativos, destacando-a como uma guerreira destemida e inflexível. No entanto, a ênfase excessiva em sua trajetória nos primeiros episódios pode dificultar uma conexão imediata do público com os demais personagens e arcos narrativos.

Um dos aspectos mais debatidos da produção é sua abordagem à mitologia de Tolkien. Como os direitos das duas primeiras eras da Terra Média não foram adquiridos, a série baseia-se nos apêndices de “O Senhor dos Anéis”, resultando em escolhas criativas que dividem os fãs mais puristas. A estrutura narrativa, não linear e repleta de liberdades interpretativas, pode gerar certo estranhamento, mas ainda assim mantém uma atmosfera coesa e envolvente. O diálogo, no entanto, oscila entre momentos inspirados e trechos que carecem da sofisticação característica das obras de Tolkien, o que pode comprometer a imersão em determinadas cenas.

O elenco, composto majoritariamente por atores menos conhecidos, entrega atuações competentes, ainda que com espaço para evolução. Owain Arthur se destaca com uma performance carismática como Durin, enquanto Robert Aramayo, como Elrond, demonstra um desempenho inicialmente irregular, mas que se aprimora ao longo dos episódios. No geral, a teatralidade do roteiro influencia a interpretação dos atores, um elemento que pode se tornar mais orgânico com o desenrolar da trama.

A qualidade visual da série é, sem dúvida, seu ponto alto. A fotografia e os efeitos especiais são executados com esmero, proporcionando um espetáculo imersivo e visualmente deslumbrante. No entanto, figurinos e maquiagem, apesar de bem elaborados, ocasionalmente falham em integrar os personagens de maneira completamente autêntica ao universo tolkieniano, por vezes assumindo um aspecto contemporâneo que destoa da ambientação.

A trilha sonora complementa bem a narrativa, criando atmosferas que reforçam os eventos e emoções da trama. Ainda assim, as canções de abertura e encerramento poderiam ser mais impactantes, evocando a grandiosidade esperada de uma saga desse porte.

Apesar de algumas ressalvas, a série se mostra envolvente e, acima de tudo, cativante. A introdução pode parecer lenta e algumas decisões narrativas podem dividir opiniões, mas a história se fortalece progressivamente, recompensando a paciência do espectador. Trata-se de um projeto ambicioso que, mesmo não sendo isento de falhas, demonstra respeito e compromisso com o legado que carrega. Para os fãs de Tolkien e apreciadores do gênero fantástico, é uma obra que merece ser assistida e debatida. Com a expectativa de que os pontos frágeis sejam refinados nas temporadas futuras, o que está por vir promete ser ainda mais grandioso.

Filme: Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder
Diretor: Patrick McKay e John D. Payne
Ano: 2022
Gênero: Aventura/Épico/Fantasia
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★