Poucos filmes de ação conseguiram marcar uma era como “John Wick” (ou “De Volta ao Jogo”). Inspirado por clássicos do gênero e narrativas de vingança, o roteiro de Derek Kolstad, aliado à direção de Chad Stahelski, transforma a experiência de dois ex-dublês em um espetáculo visual e coreográfico inconfundível. Com sequências eletrizantes e um protagonista que transpira carisma, o longa redefiniu a estética do cinema de ação contemporâneo. Nada disso seria possível sem Keanu Reeves, cuja entrega ao papel tornou John Wick um ícone incontestável.
John Wick era um assassino letal que abandonou a vida de sangue e contratos para viver ao lado da mulher que amava. Porém, quando uma doença tira dela seus últimos dias, ele se vê imerso no luto. Antes de partir, sua esposa deixa para ele um presente: um filhote de cachorro, símbolo de afeto e esperança. A conexão entre Wick e o animal é instantânea, mas o destino o priva desse novo laço de maneira brutal. Em um posto de gasolina, um jovem mafioso, fascinado pelo Mustang 1969 do ex-matador, insiste em comprá-lo. Diante da recusa, o rapaz decide tomar à força o que deseja, sem medir as consequências de seu ato.
Na calada da noite, o lar de Wick é invadido por criminosos liderados por Iosef (Alfie Allen), herdeiro de Viggo Tarasov (Michael Nyqvist), um dos mais influentes chefes do crime. Sem reconhecer a verdadeira identidade de sua vítima, Iosef comete um erro irreversível: rouba o carro e mata o cachorro. O que parecia um simples ato de violência gratuita se torna o gatilho para um massacre. Ao descobrir quem realmente atacou, Viggo percebe o tamanho do desastre: seu filho acaba de assinar sua sentença de morte.
Viggo tenta evitar o inevitável, mas sabe que a fúria de Wick não será aplacada por conversas ou acordos. O que se segue é uma sucessão de confrontos brutais, onde a destreza e o refinamento técnico das lutas elevam cada cena a um nível quase coreográfico. Com um arsenal de habilidades afiadas e um propósito inabalável, Wick rasga o submundo do crime, transformando cada encontro em uma aula de precisão e letalidade.
A dedicação de Keanu Reeves ao papel foi além da atuação: ele próprio executou 90% das cenas de ação, incluindo perseguições de carro e combates armados. Para atingir esse nível de realismo, treinou intensamente jiu-jitsu brasileiro, manuseio de armas e combate em ambientes fechados, sob a orientação de especialistas militares. Sua disciplina se reflete na autenticidade de cada movimento, dispensando truques digitais e elevando a verossimilhança das cenas.
O uso mínimo de CGI favorece um estilo visual mais cru e visceral. A cinematografia de Jonathan Sela reforça esse tom ao empregar iluminação de néon contrastante, criando uma atmosfera noir contemporânea. As sombras intensificam o suspense, enquanto a direção de arte, com figurinos elegantes e cenários meticulosamente compostos, consolida a estética sofisticada do universo de Wick. Cada detalhe, da paleta de cores ao design de produção, contribui para a sensação de que o protagonista transita por um mundo onde a violência se desenrola com precisão cirúrgica.
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