Fenômeno no Prime Video: romance estreia direto no Top 1 mundial e já é o mais assistido de 2025 em 93 países Divulgação / Amazon Prime Video

Fenômeno no Prime Video: romance estreia direto no Top 1 mundial e já é o mais assistido de 2025 em 93 países

Noah não acredita em finais felizes. Para ela, o amor sempre fora um rei despótico e caprichoso, exigindo-lhe cada vez mais sacrifícios por algum vislumbre de felicidade, ainda que mesmo as ilusões não sejam lá tão auspiciosas. Em todo o caso, a mocinha de “Minha Culpa: Londres” está pronta para transpor qualquer barreira a fim de chegar aonde pensa que merece, e dessa forma vencer a impossibilidade do sentimento amoroso sem conflitos, sem dar-se conta de que tem uma longa estrada pela frente. Agora sob o olhar de Charlotte Fassler e Dani Girdwood, o romance para jovens adultos da argentino-espanhola Mercedes Ron continua a mirar os círculos mais íntimos de seus personagens, mas não repara o equívoco dos filmes anteriores, sendo o principal deles fixar-se nos personagens centrais e deixar à míngua tipos secundários que poderiam render boas subtramas, talvez até melhores que o aguado amor maldito deles.

A vida é um mistério e o amor talvez seja o que há de mais inexplicável no mistério da vida. Dois corpos independentes, duas trajetórias muitas vezes opostas, mas que subitamente, como por encanto, convergem numa direção comum, fazendo o que parecia meio gris e sem sentido reviver num espetáculo de cores, fulgor e novas perspectivas. Mesmo que ainda não saiba, é exatamente isso o que Noah busca, sem ter muito claro por onde deve começar, mas já sabendo quem é o príncipe encantado de seus sonhos inconfessáveis. A mocinha de Asha Banks — muito mais decidida agora, mas ainda trocando os pés pelas mãos naqueles momentos em que viver torna-se a travessia de um imenso labirinto — não deixa de ser a garotinha que punha numa grande mala roxa tudo quanto conseguira recolher do quarto cheio de lembranças, algumas boas, outras nem tanto. 

Um urso de pelúcia fica para Bethan, a melhor amiga interpretada por Christina Cole, e o roteiro de Melissa Osborne investe pesadamente em metáforas como essa para fomentar no público a dúvida sobre esse tal súbito amadurecimento. Essa ideia de caos interior fica patente quando a câmera fecha em Banks e o público reconhece seu desespero frente à nova e confusa realidade que o filme destrincha com mais tardança ao longo do segundo ato, embalada pela mudança para a capital do Reino Unido, com traumas de família tomando conta do enredo. Tudo muito semelhante ao que se tem em “Minha Culpa” (2023) e “Sua Culpa” (2024), ambos de Domingo González.

A mocinha de Banks tem um pouco mais de sorte que Nick, o vilãozinho de Matthew Broome nessa reedição da reedição de “As Ligações Perigosas” (1782), o romance epistolar do francês Choderlos de Laclos (1741-1803) — recheada de velhas novidades, por evidente. Espero que tenha acabado mesmo. Ufa!

Filme: Minha Culpa: Londres
Diretor: Charlotte Fassler e Dani Girdwood
Ano: 2025
Gênero: Coming-of-age/Drama/Romance
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.