Filme que deu Oscar de Melhor Ator para Al Pacino está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Filme que deu Oscar de Melhor Ator para Al Pacino está na Netflix

Vencedor do Oscar de Melhor Ator para Al Pacino, “Perfume de Mulher” é um marco do cinema, baseado no romance “A Escuridão e o Mel”, do escritor italiano Giovanni Arpino, e na adaptação cinematográfica italiana de 1974, “Profumo di Donna”. Apesar da inspiração nessas obras, o filme dirigido por Martin Brest e roteirizado por Bo Goldman toma liberdades significativas na narrativa, preservando apenas a essência dos personagens e a estrutura da relação entre os protagonistas.

A trama acompanha Frank Slade (Al Pacino), um coronel aposentado que perdeu a visão e passa o feriado de Ação de Graças sob os cuidados de Charlie Simms (Chris O’Donnell), um jovem estudante de origem humilde que conseguiu ingressar na renomada escola preparatória Baird graças a uma bolsa de estudos. A instituição é frequentada majoritariamente por filhos da elite, e Charlie se vê em uma encruzilhada moral ao testemunhar um grupo de alunos vandalizando o carro do reitor. Diante da pressão para denunciar os culpados, ele precisa decidir entre entregar os responsáveis ou preservar seu futuro acadêmico.

Enquanto lida com esse dilema, Charlie embarca com Frank em uma viagem a Nova York, sem saber que o coronel planeja encerrar sua própria vida após um último fim de semana de prazeres. O roteiro de Bo Goldman prioriza a profundidade dos personagens em detrimento de uma sucessão de eventos, construindo Frank como um homem marcado pela solidão e pelo desencanto. Sem a visão, ele sente que perdeu o sentido da vida, encontrando consolo apenas em uísque e na companhia de belas mulheres. Longe de ser um estereótipo vulgar, Frank enxerga as mulheres com uma reverência quase cerimonial, atribuindo-lhes um status de divindades. Seu olhar, apesar de antiquado, reflete um fascínio intenso, transformando cada interação em um ritual de admiração.

Essa concepção se torna icônica na inesquecível cena em que Frank conduz Donna (Gabrielle Anwar) em um tango ao som de “Por una Cabeza”, de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera. A sequência captura não apenas a destreza de Frank, mas também sua essência: um homem que, apesar de cego, conduz com segurança e paixão. A dança sintetiza sua personalidade, equilibrando confiança, charme e uma melancolia latente.

A presença de Frank provoca diferentes reações em quem cruza seu caminho. Seu magnetismo impõe respeito e, ao mesmo tempo, causa desconforto. Esse efeito não se restringe ao personagem, mas à própria presença de Al Pacino no set. Sua atuação intensa e hipnotizante elevou o filme e intimidou colegas de elenco, consolidando-o como uma lenda viva do cinema.

Curiosamente, Pacino não foi a primeira escolha para o papel. Antes de aceitá-lo, ele e Jack Nicholson recusaram a oferta. Outros nomes cogitados incluíram Harrison Ford, Joe Pesci e Dustin Hoffman. Para o papel de Charlie, Leonardo DiCaprio chegou a fazer testes, mas foi considerado jovem demais. Ben Affleck, Matt Damon e Brendan Fraser também disputaram a vaga, que acabou ficando com Chris O’Donnell.

“Perfume de Mulher” transcende sua narrativa, transformando-se em uma experiência sensorial e emocional. O longa-metragem é uma expressão refinada da complexidade humana, marcada por atuações memoráveis, um roteiro meticuloso e momentos inesquecíveis. Uma obra que não apenas permanece na memória, mas também se perpetua como um dos grandes feitos da sétima arte.

Filme: Perfume de Mulher
Diretor: Martin Brest
Ano: 1992
Gênero: Drama
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★