Mark Waters consolidou sua carreira dirigindo comédias leves que marcaram os anos 2000, muitas delas se tornando referências do gênero. Entre seus trabalhos mais lembrados estão as colaborações com Lindsay Lohan em “Sexta-Feira Muito Louca” e “Meninas Malvadas”, filmes que ultrapassaram a condição de sucessos momentâneos para se tornarem parte do imaginário coletivo de uma geração. Agora, com “A Mãe da Noiva”, lançado pela Netflix, Waters propõe uma releitura contemporânea de “O Pai da Noiva”, clássico estrelado por Steve Martin. Embora ambos tratem das dinâmicas familiares durante os preparativos de um casamento, a nova produção se distingue ao priorizar a perspectiva feminina.
Se no longa de 1991 Steve Martin interpretava um pai superprotetor, cuja dificuldade em aceitar o casamento da filha era o cerne da narrativa, em “A Mãe da Noiva” essa abordagem é menos direta. A protagonista, Lana, interpretada por Brooke Shields, não manifesta ciúmes ou desejo de controle, mas sua tentativa incessante de agradar a filha pode ser mal interpretada. Mais do que uma mãe dominadora, ela se mostra uma mulher acostumada a abrir mão de suas próprias vontades para não contrariar aqueles ao seu redor, chegando a permitir que terceiros influenciem decisões fundamentais do casamento, como a escolha do vestido e do discurso do jantar de ensaio.
Lana, uma respeitada médica e pesquisadora da Johns Hopkins, está em um momento de transição. Com a filha Emma (Miranda Cosgrove) dando os primeiros passos para uma vida independente, ela tenta convencê-la a reconsiderar sua saída de casa, mas é surpreendida ao descobrir que a jovem não só está em um relacionamento, como também está prestes a se casar. O noivo, RJ (Sean Teale), planeja uma cerimônia grandiosa para impressionar a futura sogra, e o local escolhido é a paradisíaca ilha de Phuket. O que já seria uma situação emocionalmente desafiadora para Lana se complica ainda mais quando ela descobre que o pai do noivo é Will (Benjamin Bratt), seu grande amor da juventude, que desapareceu repentinamente sem explicação. Esse reencontro inesperado obriga Lana a encarar feridas do passado enquanto tenta equilibrar a própria vida com as expectativas em relação ao casamento da filha.
A comédia romântica se desenvolve explorando o embaraço do reencontro e as dúvidas que emergem desse choque entre passado e presente. Waters aposta no humor leve para conduzir a trama, sem grandes reviravoltas ou pretensões de inovação. A dinâmica entre Lana e Will gera situações cômicas e momentos de reflexão sobre segundas chances, enquanto o casal jovem, Emma e RJ, fica em segundo plano, funcionando mais como catalisador dos conflitos da geração anterior do que como centro da narrativa.
“A Mãe da Noiva” não se propõe a reinventar a comédia romântica, mas cumpre seu papel como entretenimento escapista. Com atuações carismáticas de Brooke Shields e Benjamin Bratt, o filme se apoia na química entre os protagonistas e na ambientação idílica para proporcionar uma experiência descomplicada e prazerosa. Para quem busca um filme leve e despretensioso, é uma escolha eficiente, ideal para relaxar sem grandes exigências emocionais ou narrativas.
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