A maior estreia da Netflix em 2025: comédia romântica italiana conquista o Top 1 mundial no dia do lançamento Giulia Parmigiani / Netflix

A maior estreia da Netflix em 2025: comédia romântica italiana conquista o Top 1 mundial no dia do lançamento

A nova aposta da Netflix no gênero de comédia romântica, “La Dolce Villa”, parece embalada para seduzir o público com uma combinação irresistível de cenários deslumbrantes, romance em meio à beleza do interior da Itália e uma jornada de autodescoberta. No entanto, a promessa de encanto logo se dissolve em uma experiência que, embora visualmente impecável, falha em capturar qualquer profundidade emocional. O filme, dirigido por Mark Waters, mesmo responsável pelo desastroso “Mãe da Noiva”, se posiciona como um tributo ao fascínio italiano, mas entrega uma narrativa que não vai além da estética. Em comparação com produções como “Sob o Sol da Toscana”, que souberam transformar cada detalhe em um convite sensorial à transformação pessoal, “La Dolce Villa” se perde em sua superficialidade, resultando em uma obra que mais parece um comercial de turismo do que um filme memorável.

A história acompanha Eric (Scott Foley), um viúvo de meia-idade que retorna à Itália na tentativa de impedir sua filha, Liv (Maia Reficco), de investir sua herança em uma vila em ruínas adquirida por meio de um programa governamental que vende propriedades abandonadas por um euro. O que deveria ser um embate familiar com carga emocional rapidamente se dissolve em um enredo previsível, onde Eric, sem grandes dificuldades, aceita o destino e se deixa envolver por um novo romance com a prefeita da vila, Francesca (Violante Placido). A relação entre pai e filha, que poderia oferecer uma trama rica e sensível, é reduzida a diálogos expositivos e uma sucessão de interações mecânicas, tornando a jornada de reconciliação entre os dois um detalhe sem impacto dentro da narrativa.

O maior problema do filme está em sua incapacidade de transmitir emoções genuínas. Diferente de “Sob o Sol da Toscana”, que envolvia o espectador em sua atmosfera, fazendo-o sentir a textura das paredes antigas e o aroma das azeitonas frescas, “La Dolce Villa” se contenta em exibir a Itália como um pano de fundo estéril. O uso da fotografia, apesar de capturar paisagens belíssimas da Toscana e do Lácio, transforma o ambiente em uma composição excessivamente limpa e inautêntica, onde a luz intensa e os enquadramentos artificiais tornam tudo plástico e desprovido de vida. Em vez de convidar o espectador a mergulhar na essência da cultura local, o filme reduz a experiência italiana a meras imagens de cartão-postal.

A falta de substância se reflete também na construção dos personagens. Liv, que deveria ser uma jovem determinada e em busca de propósito, surge como alguém sem objetivos concretos além de simplesmente estar na Itália. Seu desenvolvimento se resume a um estágio repentino em design de interiores — conquistado sem qualquer esforço notável — e a um romance morno com o chef Giovanni (Giuseppe Futia), um personagem introduzido apenas para cumprir a cota de interesse amoroso. Mesmo a relação com seu pai, que deveria ser o centro emocional da narrativa, carece de autenticidade e profundidade, tornando sua trajetória previsível e sem envolvimento emocional.

O romance entre Eric e Francesca, que poderia pelo menos trazer um elemento envolvente ao filme, se desenrola sem qualquer tensão ou química convincente. Os dois compartilham momentos construídos de forma puramente funcional, sem que haja verdadeira conexão entre eles. A inclusão do conceito italiano de “dolce far niente”, a filosofia de encontrar prazer na ociosidade, é apenas mencionada de forma superficial e nunca realmente incorporada ao desenvolvimento dos personagens. Em vez de uma história que explora a riqueza da transformação pessoal e da desaceleração, o filme apenas reforça a ideia de que qualquer conflito pode ser resolvido através da administração eficiente de um negócio —seja transformando a vila em uma escola de culinária ou tornando a cidade mais atraente economicamente.

Se há algo que o filme consegue entregar, é um entretenimento descomplicado para quem busca uma experiência leve e passageira. Seu ritmo acelerado faz com que uma cena rapidamente substitua a outra, sem espaço para aprofundamento ou reflexão. Para um público que não se importa com nuances e deseja apenas uma distração romântica e agradável, “La Dolce Villa” pode funcionar. No entanto, sua incapacidade de se conectar com o espectador em um nível mais profundo impede que ele se torne uma obra marcante. É um filme que se move sem deixar rastros, bonito na superfície, divertido, mas sem essência.

Filme: La Dolce Villa
Diretor: Mark Waters
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★