A comédia romântica turca mais assistida de 2025 já está na Netflix — e você não vai querer sair do sofá Divulgação / Netflix

A comédia romântica turca mais assistida de 2025 já está na Netflix — e você não vai querer sair do sofá

No mundo ideal, amor e dinheiro ocupariam cada qual seu próprio universo, saberiam de sua respectiva importância e jamais atrever-se-iam a invadir a esfera um do outro, justamente por dependerem de coisas distintas para existir. Na vida como ela é, entretanto, é quase impossível que uma relação sólida se mantenha sem assíduas transações comerciais e financeiras mais ou menos complexas, planilhas de gastos e custos, caixas que guardam notas fiscais, vultosos investimentos, expediente que, longe de arruinar namoros sólidos, noivados promissores ou casamentos firmes, contribui para aumentar as chances de tudo permanecer correndo com alguma ordem, atenuando o peso do tempo. Engin Erden estica o quanto pode essa corda em “Rumo ao Vento”, uma típica comédia romântica turca, na qual a vida é um balão colorido num céu todo azul. O roteiro de Ceylan Naz Baycan dá algumas voltas por belas paisagens para contar a história de um casal improvável, cada qual defendendo seus interesses, até que chega a hora de um acerto de contas. Mas nada tão dramático. 

Se o sentimento amoroso resiste ao tempo é algo que só se pode responder, claro, depois que os anos passem. A estranheza que nos colhe a todos quando diante de emoções que atiram-nos à inadequação para com o mundo e nossos princípios, a vontade de transformar tudo quanto já existe, sem muita ideia de por onde começar — e, o mais importante, de que jeito —, o constante estado de poesia, quase um delírio que vai-nos tomando até que não se possa admitir a vida de outro jeito são algumas das impressões que Erden suscita na audiência, porém só depois de deixar claro que seus protagonistas deverão passar por uma verdadeira prova de fogo para poderem, então, saborear a felicidade. 

Aslı Mansoy, a diretora-executiva das Empresas Yazman, é encarregada de viajar até Çeşme, na província de Esmirna, procurar Ege Yazıcı, o outro futuro mandachuva do império, que vive muito bem como um simples instrutor de surfe no imenso escritório que lhe oferece o Egeu. A ingrata missão de Aslı é persuadir Ege a desfazer-se de sua escolinha de manobras aquáticas e manter apenas o restaurante, seu outro negócio, para que construa-se no balneário um complexo hoteleiro de dimensões faraônicas, empreendimento que, por mais lucrativo que seja, provoca nele arrepios. E com toda razão.

Depois do fatídico encontro, a dinâmica de “Rumo ao Vento” é exacerbar as diferenças nem tão óbvias entre Aslı e Ege, dois genuínos arquétipos da beleza mediterrânea, e aí o filme desliza bastante. Ninguém jamais duvida que, embora Erden tente a todo custo nos convencer que eles sejam de fato mesmo habitantes de mundos paralelos, a executiva e o bicho-grilo terminarão juntos. Para isso, Hande Erçel e Barış Arduç, celebridades na Turquia, oferecem atuações empenhadas, mas protocolares, e dessa forma deixam bem satisfeitos os fãs do gênero.

Filme: Rumo ao Vento
Diretor: Engin Erden
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.