Christoph Waltz, ator austríaco de trajetória extensa, teve sua carreira transformada em 2010 ao interpretar Hans Landa em “Bastardos Inglórios”, dirigido por Quentin Tarantino. Sua performance como o astuto e sádico coronel nazista não apenas lhe rendeu aclamação internacional, mas também garantiu seu primeiro Oscar de melhor ator coadjuvante.
A parceria com Tarantino se mostrou decisiva, consolidando Waltz como um dos intérpretes mais marcantes do cinema contemporâneo. Em “Django Livre”, lançado em 2012, o ator voltou a brilhar ao encarnar o doutor King Schultz, um ex-dentista alemão que se torna caçador de recompensas. O papel lhe rendeu um segundo Oscar na mesma categoria, reafirmando sua versatilidade e magnetismo em cena.
Schultz, um homem refinado e calculista, cruza o caminho de Django, escravo vivido por Jamie Foxx, que busca resgatar sua esposa, Broomhilda von Shaft (Kerry Washington). Reconhecendo potencial no protagonista, Schultz adquire sua liberdade e propõe uma aliança: Django ajudaria na caça a criminosos, enquanto ambos arquitetam o resgate de Broomhilda, mantida pelo cruel Calvin Candie, um fazendeiro interpretado por Leonardo DiCaprio. Candie, obcecado pela cultura francesa, comanda um império de violência e degradação, promovendo brutais combates entre escravos, conhecidos como “lutas de mandingos”.
Para se aproximar do vilão sem levantar suspeitas, Schultz e Django fingem interesse no comércio de lutadores. No entanto, o grande obstáculo para o plano é Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo de confiança de Candie, cuja lealdade ao senhor torna a missão ainda mais perigosa. À medida que a trama se desenrola, confrontos violentos e reviravoltas dramáticas intensificam a narrativa, características emblemáticas do cinema de Tarantino.
Desde seu lançamento, “Django Livre” gerou debates acalorados. A violência gráfica e o vocabulário carregado de conotações históricas renderam ao filme tanto elogios quanto críticas. Will Smith, inicialmente cotado para o papel principal, recusou a oferta, alegando discordância sobre a abordagem da escravidão. Spike Lee também manifestou sua desaprovação, acusando Tarantino de desrespeitar a memória dos negros escravizados. Entretanto, muitos enxergam na obra uma releitura ousada e um exercício de justiça histórica.
O reconhecimento da Academia veio com dois Oscars: melhor ator coadjuvante para Waltz e melhor roteiro original para Tarantino. O elenco, amplamente elogiado, entregou atuações memoráveis, contribuindo para o impacto da narrativa. A fotografia de Robert Richardson potencializou a ambientação, alternando paletas frias e quentes para reforçar a carga emocional e a geografia do enredo.
Disponível na Netflix, “Django Livre” segue como um dos filmes mais emblemáticos de Tarantino, ocupando a 57ª posição no ranking dos melhores filmes do IMDb. Sua fusão entre western e comentário social o torna uma referência inescapável, reafirmando seu legado na história do cinema.
★★★★★★★★★★