1,5 milhão de pessoas assistiram nos primeiros cinco dias de estreia, na Netflix Kirsty Griffin / Netflix

1,5 milhão de pessoas assistiram nos primeiros cinco dias de estreia, na Netflix

O faroeste, um dos pilares do cinema americano, tem sido continuamente revisitado e desconstruído por cineastas que buscam ressignificar seus arquétipos. Em 2021, Jane Campion desafiou as convenções do gênero ao apresentar “Ataque dos Cães”, uma obra que se distancia da tradicional narrativa de caubóis heroicos para explorar camadas psicológicas mais densas. A diretora neozelandesa imprime sua marca ao transformar o velho oeste em um palco de tensões silenciosas e dinâmicas de poder sutis, deslocando o olhar do espectador para conflitos internos e jogos de domínio que transcendem o espaço físico.

No centro dessa abordagem está a atuação multifacetada de Benedict Cumberbatch, um ator mais frequentemente associado a figuras brilhantes e enigmáticas, como Alan Turing em “O Jogo da Imitação” ou Khan em “Além da Escuridão — Star Trek”. Em “Ataque dos Cães”, no entanto, ele encarna um personagem de complexidade visceral: Phil Burbank, um fazendeiro de presença intimidadora que esconde fragilidades sob uma fachada de virilidade imposta. Essa escolha de elenco não apenas desafia as expectativas em relação ao ator, mas também amplia a potência dramática da narrativa, reforçando a temática de identidades reprimidas e construções sociais sufocantes.

Com uma fotografia meticulosamente composta e uma trilha sonora que acentua a crescente atmosfera de inquietação, Campion não apenas desconstrói o mito do faroeste, mas também o redefine como um espaço de vulnerabilidade e silêncio. “Ataque dos Cães” se insere, assim, não apenas como uma revisão do gênero, mas como um estudo profundo sobre masculinidade, poder e desejo reprimido, consolidando-se como uma das mais marcantes reformulações do faroeste contemporâneo.

Filme: Ataque dos Cães
Diretor: Jane Campion
Ano: 2021
Gênero: Drama/Faroeste
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★