Imparável: novo filme de Jude Law chegou ao Prime Video e simplesmente dominou o mundo Divulgação / Amazon Prime Video

Imparável: novo filme de Jude Law chegou ao Prime Video e simplesmente dominou o mundo

Talvez o dia esteja próximo em que órgãos especializados assumirão por completo a tarefa de decidir o que é melhor para nós, eliminando qualquer traço de hesitação diante de dilemas morais ou ameaças invisíveis. Se, porventura, pensamentos inoportunos surgirem, o mecanismo corretivo entrará em ação antes mesmo que nos demos conta. A história dos Estados Unidos se constrói sobre embates incessantes, sejam eles tangíveis ou fabricados. Com isso, é preciso tempo para que “A Ordem” se revele como um thriller convincente — ainda que seu pertencimento à crônica policial mais insólita do país lhe confira um viés de autenticidade.

No longa dirigido por Justin Kurzel, a crença inabalável na liberdade individual serve de motor narrativo, ancorando-se em eventos reais para levantar questionamentos sobre as estratégias de combate ao terrorismo adotadas por governos de diferentes espectros políticos, todos então incapazes de identificar o avanço de uma ameaça subterrânea e de proporções devastadoras. No início dos anos 1980, células defensoras da supremacia branca emergiram nos Estados Unidos, tendo “A Ordem” como o mais temível desses grupos. Inspirado na obra jornalística “The Silent Brotherhood: Inside America’s Racist Underground” (1989), de Kevin Flynn e Gary Gerhardt, o roteiro assinado por Zach Baylin busca reconstruir com fidelidade esse período sombrio, partindo do assassinato covarde de um comunicador polêmico.

Em 1983, Alan Berg, um radialista judeu, desafia ouvintes antissemitas com intervenções incendiárias em seu programa no Colorado. A cena inicial apresenta dois homens dentro de um carro, ouvindo as transmissões e vociferando que o apresentador deveria morrer. A partir daí, Kurzel assume um jogo perigoso, utilizando sombras pesadas e tons sombrios na fotografia de Adam Arkapaw para intensificar o desconforto. Logo, a trama se expande para Coeur D’Alene, em Idaho, onde o agente do FBI Terry Husk, de métodos pouco ortodoxos, investiga um desaparecimento. O caso se entrelaça a uma série de assaltos a bancos com explosivos, e não por coincidência, uma célula de “A Ordem” opera na região. Ao lado de seu parceiro Jamie Bowen, Husk vê a chance de desmontar a organização.

No lado oposto da batalha, figuras como Robert Jay Mathews enxergam no extremismo um caminho promissor — motivados menos por ideais e mais por interesses pessoais —, o que faz dele um indivíduo ainda mais letal. A narrativa equilibra-se entre os três protagonistas: Jude Law encarna um anti-herói pragmático, Tye Sheridan assume o papel do obstinado agente da lei, enquanto Nicholas Hoult entrega uma das atuações mais desafiadoras e detalhadas de sua carreira. Especializando-se em personagens moralmente complexos, Hoult encontra aqui um desafio maior do que em “Jurado Nº2” (2024), de Clint Eastwood, pois não há margem para ambiguidades. A incerteza sobre quem triunfará no desfecho persiste, assim como persiste, quatro décadas após a morte brutal de Mathews e a prisão de seus cúmplices, o espectro de ideologias que jamais desapareceram por completo.

Filme: A Ordem
Diretor: Justin Kurzel
Ano: 2025
Gênero: Ação/Crime/Thriller
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★