Mergulhar em “A Grande Ilusão” é como se perder em um labirinto de segredos e ambiguidades. Baseada no romance de Harlan Coben, a série de oito episódios adaptada por Danny Brocklehurst e dirigida por David Moore e Nimer Rashed explora relações corroídas, a presença silenciosa da violência dentro de lares aparentemente comuns e os limites do instinto protetor materno. No centro de tudo, uma mulher desgastada por um passado que se recusa a permanecer enterrado.
Michelle Keegan assume o peso da trama como Maya Stern, ex-capitã do Exército que agora instrui em uma academia de tiro. Forte sob pressão, exceto quando o passado ressurge, ela se depara com uma evidência desconcertante: um vídeo recente que mostra seu marido, morto há 28 anos. O mistério se desenrola entre flashbacks bem pontuados e um elenco de apoio consistente, culminando em uma resolução que, apesar de convencional, não deixa de ser intrigante.
O desencadeador de tudo remonta a 1996. Um passeio inocente no parque se transforma em tragédia quando Joe Burkett, marido de Maya, é alvejado. Entre o choque e a perda, o funeral revela um emaranhado de segredos familiares. Joe desaparece, mas sua sombra paira sobre Maya, que, ao ver sua imagem em um porta-retrato com câmera oculta, percebe que algo não se encaixa. A busca por respostas a coloca em rota de colisão com figuras poderosas e com um passado que se recusa a desaparecer.
Os próximos movimentos giram em torno dessa descoberta. Maya precisa lidar com Judith, a sogra interpretada por Joanna Lumley, uma psiquiatra influente que parece determinada a arruíná-la, e com Sami Kierce, o detetive encarregado da investigação. A morte de sua irmã se entrelaça ao mistério do assassinato no parque, levantando uma dúvida central: teria Joe planejado tudo para incriminá-la e escapar ileso? O quebra-cabeça se complica a cada nova revelação.
Moore e Rashed conduzem a narrativa com habilidade, transformando eventos improváveis em peças essenciais para manter o espectador envolvido. Mesmo os detalhes que poderiam passar despercebidos, como a dinâmica entre Maya e o personagem de Adeel Akhtar ou a hostilidade entre ela e Judith, acabam sendo decisivos para o desfecho. Quando a cortina se fecha, todas as peças estão encaixadas, mas a questão sobre a credibilidade dos acontecimentos persiste — e talvez esse seja o verdadeiro charme da série.
Série: A Grande Ilusão
Criação: Danny Brocklehurst
Ano: 2024
Gêneros: Thriller
Nota: 8/10