O que acontece quando uma gangue de criminosos brancos se vê dividindo o território com um policial negro e corrupto, cada um lutando por sua fatia de poder, até que um acontecimento inesperado os obriga a uma aliança forçada? “Os Fora da Lei” se desenrola no caos, mas não do tipo engenhoso. Seu tom anárquico remete a Quentin Tarantino, embora seja evidente que falta a ele muito da genialidade do cineasta. A mera comparação com um dos diretores mais influentes da Hollywood moderna pode sugerir certa sofisticação, mas, à medida que a trama se desenrola, suas limitações tornam-se impossíveis de ignorar.
Barry Battles tem Tarantino como referência inegável, mas confiar exclusivamente nesse molde para sustentar um roteiro despretensioso revela-se uma aposta arriscada. A narrativa exige um pacto constante com o público, que precisa embarcar na violência estilizada e no humor grotesco para que a experiência funcione. Battles, ao lado do corroteirista Griffin Hood, investe em cenas que oscilam entre o brutal e o cômico, resultando em um espetáculo que diverte momentaneamente, mas carece de profundidade. O riso que arranca do espectador é passageiro; depois de algumas trocas de tiros e pancadaria, a fórmula se desgasta.
Sonhos são o que tornam a existência menos árida e mais tolerável. Se cada indivíduo tivesse ambições suficientemente grandiosas e persistisse nelas com obstinação, talvez o mundo testemunhasse verdadeiras revoluções. Mas esse não é o caso dos irmãos Oodie, figuras marginalizadas que apenas sobrevivem, até que Celeste, ex-esposa de um criminoso latino, aparece com uma proposta que muda suas vidas: recuperar seu afilhado, mantido sob domínio do ex-companheiro depois do término conturbado do casal.
O filme se concentra nesse trio, com destaque para Brick, o mais velho e líder do grupo, filho de um ex-integrante da Ku Klux Klan e especialista em eliminar desafetos da máfia. As interações entre Clayne Crawford e Eva Longoria seguem um caminho previsível, assim como os diálogos entre os irmãos, cujo horizonte intelectual é tão limitado quanto sua compreensão do mundo. A trama ganha um pouco mais de substância quando Brick cruza o caminho de Rob, um adolescente tetraplégico prestes a herdar uma fortuna, interpretado por Thomas Brodie-Sangster. Contudo, esse lampejo de profundidade chega tarde demais. O mesmo vale para os talentos de Andre Braugher e Billy Bob Thornton (1962-2023), que, na pele de Millard e Carlos, são relegados a papéis que Battles não soube aproveitar.
★★★★★★★★★★