O filme com a melhor trilha sonora da história: prepara-se para salvar tudo na sua playlist! Agora, na Netflix Divulgação / Sony Pictures

O filme com a melhor trilha sonora da história: prepara-se para salvar tudo na sua playlist! Agora, na Netflix

“Em Ritmo de Fuga” é, sob a lente do diretor de fotografia Bill Pope, um verdadeiro musical pós-moderno, onde a música não apenas acompanha, mas define o ritmo e a alma da história. O protagonista, Baby (Ansel Elgort), um jovem e habilidoso motorista de fuga para uma gangue de criminosos, ganha destaque por suas extraordinárias habilidades ao volante, mas é a música que realmente o define e o diferencia. Quando Baby coloca seus fones de ouvido e mergulha em suas músicas, seu talento para a direção atinge novas dimensões.

A trilha sonora do filme, uma tapeçaria sonora que inclui clássicos como “Never, Never Gonna Give Ya Up” de Barry White, “Cry Baby Cry” dos Beatles e “Easy” dos Commodores, se integra perfeitamente às cenas, fazendo com que cada movimento e transição seja um reflexo da música que toca. O diretor Edgar Wright e a equipe criaram uma sincronia impressionante entre as imagens e o som, fazendo com que até os detalhes mais sutis, como o som das portas se fechando ou os carros derrapando, se tornem parte de uma coreografia visual que absorve o público. Essa harmonia entre a ação e a música transcende o convencional e eleva o entretenimento a uma forma de arte multifacetada, onde a diversão se entrelaça com uma narrativa emocionalmente ressonante.

A interpretação de Ansel Elgort como Baby revela a complexidade do personagem: um jovem marcado pelo silêncio de um trauma que o persegue desde a infância. Ao longo do filme, vemos um Baby que se comunica mais com sua música do que com as pessoas, usando as canções como uma forma de escapismo e também como uma válvula de escape para o zumbido constante em seus ouvidos, uma consequência de um acidente que o deixou com um trauma auditivo irreversível. Esse “ruído” constante simboliza a luta interna de Baby, uma batalha contra a culpa, o sofrimento e a inevitável violência de seu mundo. Mas, ao conhecer Debora (Lily James), ele se vê confrontado por algo que vai além da fuga: o amor, que o desafia a considerar uma vida diferente.

A relação de Baby com a música vai além de um simples gosto pessoal; ela se torna sua forma de resistência contra o caos ao seu redor. Ao manipular gravações de conversas, Baby cria novas camadas de comunicação com o mundo, uma forma simbólica de lidar com as adversidades de sua vida. Sua música é seu refúgio, e ao mesmo tempo, a chave para entender seus próprios sentimentos e desejos.

O filme é também uma obra de ação eletricamente carregada, mas sem cair na tentação de exagerar com CGI ou efeitos visuais artificiais. Wright escolheu uma abordagem mais realista nas cenas de perseguição, mantendo a adrenalina palpável e a sensação de perigo autêntica, sem recorrer a truques digitais. Isso resulta em uma experiência cinematográfica que, embora frenética e emocionante, permanece crível e genuína, em contraste com os excessos comuns aos blockbusters.

“Em Ritmo de Fuga” é um lembrete do que o cinema pode oferecer quando mistura diversão, arte e fantasia sem pretensão. Não busca ser um grande sucesso de bilheteira ou uma obra de cinema elitista, mas sim um filme que encanta pela sua habilidade de equilibrar entretenimento com um olhar sensível sobre a condição humana. É uma experiência cinematográfica que não cansa, não se torna excessiva, nem se perde em seu próprio ritmo, mas oferece uma jornada única que satisfaz profundamente o espectador.

O reconhecimento de “Em Ritmo de Fuga” nas categorias técnicas do Oscar, com indicações para montagem, edição de som e mixagem de som, atesta sua qualidade e inovação. Embora não tenha conquistado os prêmios, a forte concorrência de “Dunkirk” não diminui o impacto que o filme causou, mostrando que, mesmo sem grandes vitórias, ele se consolidou como uma obra singular, capaz de encantar tanto os amantes de ação quanto os apreciadores de um cinema mais profundo e autoral.

Filme: Em Ritmo de Fuga
Diretor: Edgar Wright
Ano: 2017
Gênero: Comédia/Coming-of-age/Musical
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★