Denzel Washington retoma, com maestria, o papel de Robert McCall em “O Protetor 2”, solidificando sua posição como um dos astros de ação mais complexos do cinema atual. Sob a direção de Antoine Fuqua, a figura de McCall vai além do justiceiro frio e metódico; ele é, ao mesmo tempo, um homem apaixonado por literatura clássica, cuja busca por justiça se mistura com tentativas de compaixão em um mundo imerso em fragmentação moral. A sequência explora sua dualidade de forma ainda mais intensa, levando o personagem a novos dilemas e questionamentos existenciais. No entanto, enquanto a profundidade do personagem cresce, o enredo carece de respostas mais claras, deixando perguntas essenciais sem resolução.
Logo no início, um eletrizante resgate em um trem de alta velocidade na Turquia estabelece o tom. McCall, armado com uma calma letal, salva uma criança sequestrada, mas logo se vê em um cenário muito mais familiar: como motorista de aplicativo, ele usa suas habilidades para corrigir injustiças cotidianas, ajudando vítimas de abuso e adolescentes vulneráveis. Nesse novo ambiente, sua imagem de herói se torna tanto mais acessível quanto mais misteriosa, especialmente ao interagir com Miles (Ashton Sanders), um adolescente em risco. Embora o filme se arrisque em equilibrar emoção e ação, há momentos em que a narrativa cai em exageros, como no clímax visualmente impressionante, mas exagerado, ambientado em meio a um furacão. Apesar disso, a atuação de Washington consegue brilhar em cenas mais íntimas, oferecendo momentos de reflexão genuína.
A tensão entre a faceta mentor de McCall e seu lado executor implacável é central para a trama. Washington entrega essa dualidade com habilidade, mas o roteiro não consegue esclarecer totalmente quem McCall é, o que torna o personagem ainda mais enigmático. Embora o filme ofereça algumas melhorias em relação ao anterior, com uma presença sólida de Washington, ele ainda não atinge o mesmo nível de impacto de outras colaborações entre o ator e Fuqua, como “Dia de Treinamento”. Em sua tentativa de equilibrar ação e profundidade, o filme, às vezes, falha em deixar uma marca duradoura, resultando em uma experiência que, apesar de agradável, não atinge a verdadeira potência emocional.
★★★★★★★★★★