Ao longo de mais de vinte e cinco anos, Will Ferrell e Reese Witherspoon construíram legados notáveis na cultura pop, destacando-se tanto no cinema quanto na televisão. Ele, com sua comédia irreverente no “Saturday Night Live” e sucessos cinematográficos dos anos 2000, demonstrou versatilidade ao se aventurar em dramas que surpreenderam público e críticos. Ela, por sua vez, conquistou o público com personagens marcantes em filmes dos anos 1990 e consolidou sua reputação na televisão com séries que marcaram época. Embora já tenham se reunido em participações esporádicas, a reunião de ambos em um longa-metragem é um momento aguardado com grande expectativa. O filme “Casamentos Cruzados” resgata a essência cômica dos dois, fazendo jus à fama que ambos cultivaram de oferecer um entretenimento leve e agradável ao público.
Com direção de Nicholas Stoller, conhecido por seu talento em mesclar comédia de alto impacto com reflexões mais profundas, o filme coloca dois núcleos familiares em uma situação insustentável: a reserva de um mesmo espaço para dois casamentos no mesmo dia. A trama gira em torno de Margot (Witherspoon), uma executiva de TV que se dedica a criar eventos impecáveis para a irmã mais nova, Neve (Meredith Hagner), e Jim (Ferrell), um pai viúvo que deseja proporcionar à filha Jenni (Geraldine Viswanathan) a cerimônia perfeita. O espaço escolhido por ambos, a Palmetto House, será palco para um conjunto de equívocos que resultam em uma sucessão de confusões, que vão desde erros de cronograma até embaraços em público. Ao longo da narrativa, Stoller também cria um espaço para o desenvolvimento de relacionamentos familiares autênticos, como o de Jim com sua filha, marcada pela perda de sua esposa, e os conflitos de Margot, que precisam ser resolvidos no seio familiar. Entre humor escrachado e momentos de introspecção, o filme proporciona uma combinação de comédia física com emoções à flor da pele.
A premissa de “Casamentos Cruzados” se baseia no caos das reservas duplas em um hotel, mas é mais do que apenas uma sucessão de trapalhadas. O enredo tenta trazer um aprofundamento nas relações, mostrando as dinâmicas familiares e os conflitos que se refletem durante o evento. A química entre Witherspoon e Ferrell é evidente e sustenta o filme, proporcionando ao público uma experiência cinematográfica leve, mas tocante. No entanto, o filme peca um pouco ao não desenvolver antagonistas mais complexos, o que faz com que certos conflitos soem forçados. A presença de um elenco de apoio sólido e uma canção pop dos anos 1980, tocada nos créditos finais, ajudam a manter a energia alta e a concluir o filme de forma divertida. Embora a trama remeta a comédias de casamentos, como “The White Lotus”, sem as conotações sombrias da série, o longa oferece a oportunidade de rir e refletir ao mesmo tempo, ao mesmo tempo que cria a expectativa de que Will Ferrell e Reese Witherspoon, com seu charme e talento, ainda têm muito a oferecer em projetos futuros.
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