O cinema atual raramente se distancia de elementos que já geraram sucesso no passado, e “O Quiosque” é um reflexo claro dessa dinâmica. Dirigido por Adam Rehmeier, o filme começa com uma série de pistas que parecem familiares, apelando para o público ao apresentar jovens aparentemente perfeitos, curtindo a juventude e enfrentando as dificuldades do crescimento. A narrativa evoca uma sensação de nostalgia agradável, sem cair na artificialidade excessiva, e, aos poucos, Rehmeier revela um trabalho mais genuíno, embora ainda influenciado pela natureza comercial das produções voltadas para o grande público. O filme acena com familiaridade ao mundo dos nerds que dominam os clubes de matemática ou comandam os jornais escolares, os jovens que, em busca de sua identidade, se perdem em suas paixões platônicas e rebeldias. Tudo isso, claro, regado a boas doses de cerveja artesanal.
No centro da trama estão os melhores amigos AJ e Moose, dois jovens que buscam um propósito e desejam garantir que suas vidas não sejam insignificantes. Em uma viagem que leva os estudantes de Nebraska para Iowa, os dois amigos aproveitam a chance para aprimorar seu objetivo: vender a cerveja artesanal que fabricam clandestinamente. Eles têm o que parece ser uma oportunidade de fuga de um internato militar e, ao longo de suas aventuras, conquistam o direito de gerenciar uma barraca de lanches no clube comunitário durante o verão. Rehmeier, possivelmente inspirado por suas próprias experiências na Nebraska dos anos 1990, constrói uma narrativa que mistura o desejo de ganhar dinheiro e a busca por uma autonomia própria.
Sem se deixar ofuscar pelos gênios do Vale do Silício, os jovens protagonistas seguem em sua própria estrada, com o vigor e a inocência de quem acredita que pode escapar da vigilância das autoridades. Essa autenticidade é o segredo do filme para envolver o público, que se vê refletido nas jornadas de AJ e Moose, graças ao desempenho sólido de Conor Sherry e Gabriel LaBelle. Produzido por Rian Johnson, um dos cineastas mais inovadores da atualidade, “O Quiosque” se beneficia do selo de qualidade técnica que assegura sua posição como um filme despretensioso, mas surpreendentemente eficaz, com um tom nostálgico e caloroso que reverbera a energia do espírito juvenil.
★★★★★★★★★★