A história mais bonita, filme que vai te deixar com os olhos marejados e um nó na garganta, está na Apple TV+ Valheria Rocha / A24

A história mais bonita, filme que vai te deixar com os olhos marejados e um nó na garganta, está na Apple TV+

Duas irmãs, unidas por uma ligação profunda e inquebrantável, veem sua conexão transcender a morte, quando a mais velha, Bailey (Havana Rose Liu), é tragicamente retirada de cena. A jovem morre de arritmia cardíaca, um destino cruel que a iguala à sua mãe, falecida pela mesma causa. A fatalidade acontece durante um ensaio no teatro da escola, interrompendo uma vida promissora e cheia de sonhos. Bailey, carismática, apaixonada e com um futuro brilhante pela frente, deixava para trás um romance digno de um conto de fadas com Toby (Pico Alexander), com quem planejava se casar. Sua partida provoca um vazio incomensurável em todos ao seu redor.

Lennie (Grace Kaufman), sua irmã mais nova, que sempre viveu sob a sombra da irmã, se vê desorientada e sem rumo. A admiração imensa por Bailey sempre a fez refletir e até adotar seus gostos, sonhos e traços de personalidade, deixando-a sem saber quem é sem sua figura central. Com a perda de um pedaço essencial de si, Lennie agora precisa confrontar a realidade de seguir sua vida sem Bailey por perto. A transição para a vida sem ela inclui desafios como terminar o ensino médio, retomar o clarinete na banda escolar e, sobretudo, tentar descobrir quem realmente é em um mundo sem a presença da irmã.

Lennie, uma ávida leitora de “O Morro dos Ventos Uivantes”, se identifica com a tragédia de Cathy e Heathcliff, imaginando que sua própria vida também seria marcada pelo sofrimento. A virada surge com o encontro de Marcus Fontaine (Tyler Lofton), um colega da banda que começa a trazer novas cores e significados à sua vida. Mas a relação de Marcus com Rachel Brazile (Julia Schlaepfer), sua rival na música, coloca Lennie em um novo dilema. Rachel, além de ser a concorrente de Lennie pelo cobiçado posto de Primeiro Clarinete, também disputa uma vaga em Juilliard, o que torna a situação ainda mais tensa. Paralelamente, Lennie sente uma conexão inexplicável com Toby, o ex-namorado de sua irmã, que, sendo a única pessoa a entender o abismo de dor que ela atravessa, acaba funcionando como um espelho para seus próprios sentimentos. Toby, frágil e vulnerável, desperta em Lennie emoções confusas, ligando-a tanto à intensidade do livro que tanto aprecia quanto à memória de Bailey.

O drama, tocante e denso, revela o crescimento de Lennie, enquanto ela luta com a perda e sua busca por identidade. A adolescência, uma fase já repleta de desafios, ganha contornos ainda mais dolorosos para ela ao lidar com as mortes de sua mãe e irmã de forma tão precoce. Lennie se vê, então, à beira de uma crise existencial, paralisada pelo luto, incapaz de tocar clarinete como antes e tomada por uma culpa esmagadora, acreditando que sua irmã, mais talentosa e amada, merecia viver em seu lugar. Ela resiste a permitir que sua avó, Fiona (Cherry Jones), desfaça-se dos pertences de Bailey, numa tentativa de manter viva a memória da irmã.

A história revela, com sensibilidade, temas profundos como o luto, o amadurecimento e a redescoberta de si mesmo. Ao longo de sua jornada, Lennie enfrenta medos, reencontra sua força interior e, por fim, aprende a abraçar a vida, mesmo diante da perda. Este retrato da adolescência, amplificado pela dor da morte precoce, oferece uma reflexão rica sobre a experiência humana, seus altos e baixos, e as sutilezas do amadurecimento.

Dirigido por Josephine Decker e baseado na obra de Jandy Nelson, o filme mistura o realismo fantástico com o drama de forma única e envolvente. Com atuações autênticas e uma estética que transborda personalidade, a produção nos presenteia com uma história de luto e resiliência, onde, apesar das adversidades, o amor e a capacidade de transformar o sofrimento em algo belo e curativo se tornam os motores da narrativa. Este é um filme que, mesmo imerso em temas dolorosos, consegue transformar a dor em uma homenagem à força do espírito humano.

Filme: O Céu Está em Todo Lugar
Diretor: Josephine Decker
Ano: 2022
Gênero: Drama/Musical/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★